Recebi por e-mail um anúncio publicado em jornal de uma cidade do interior, oferecendo um pacote imperdível a quem quisesse assistir ao show dos Rowlystones na praia de Copacabana, em fevereiro passado. No título do anúncio estava assim mesmo: row-lys-tones. Mais de um milhão e meio de pessoas reunidas para assistir ao show da mais importante banda de rock em atividade, os Rowlystones. E as tv’s falaram, os jornais cobriram, as rádios anunciaram... O evento do século. Quase duas horas de rock da melhor qualidade, músicas históricas e Mick Jagger e seus companheiros detonando, mesmo sexagenários (ou seria sexuagenários?), rock como não se faz mais. Para mim, se alguém perguntar o que é Rock´n Roll eu defino: Mick Jagger. E a maioria vai indagar imediatamente: - Míqui Jégue? O cantor do rowlystones? - Você conhece os rowlystones? Canta uma música deles aí! - Ai quem guéti nou. Sadisféc-chou! Ouvi isso dezenas de vezes nas monótonas entrevistas pela tv e pelo rádio. Pois é... Tenho certeza de que 90% das pessoas que estavam em Copacabana ou acompanhando os Rolling Stones pela tv, não tinham a menor idéia do que um dia representaram aqueles senhores no palco. Afinal, hoje os Rolling Stones são os "Rowlystones", uma megabanda voltada ao entretenimento puro, sem a mensagem de rebeldia dos anos sessenta. E que gira por ano quase 200 milhões de dólares... Que tristeza... Ninguém prestou atenção na letra de "Sympathy for the Devil". Ninguém sabe o que quer dizer "Brown Sugar". Ninguém lembra da porrada que foi "Gimme Shelter" em pleno Vietnã... E o que se viu foi mais uma vez a vitória da forma sobre o conteúdo. Se naquele palco estivesse o Iu Tchu ou a Banda Calypso, seria a mesma coisa... Afinal, tudo o que é preciso é uma celebridade, um pouco de histeria da mídia, luzes, som alto e... Um rebanho. E o show foi fantástico. A reação do público inesquecível. A energia de Mick Jagger impressionante. As luzes encantadoras. O som perfeito. Um mega show, com direito a ter a transmissão bruscamente interrompida pela Globo, que precisava faturar. Tudo perfeito. Como deve ser um xou de roque. Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.
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