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Crônicas
27/03/2006 - 15h07
Não fui eu!
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Outra mania engraçada dos adolescentes é o já clássico "Não fui eu". Não importa o quê, quando, de que maneira ou o que quer que tenha acontecido. O adolescente que é adolescente mesmo, desses de verdade, por via das dúvidas já grita que não foi ele. Ou então que não sabia de nada. A toalha molhada em cima da cama, deixando tudo com aquele cheiro de cachorro molhado? Não foi ele, é claro, embora o quarto seja dele, a cama seja dele e ele tenha sido o único que tomou banho até agora.

- E esse interurbano aqui, para Ribeirão Preto, de cento e cinqüenta reais?

- Eu não tô sabendo de nada! - a gente ouve a voz dele, lá do quarto, meio encoberta pela barulheira do aparelho de som. E isso é outra coisa engraçada nos adolescentes também. A maneira como eles só ouvem as coisas que interessam. Você pede para eles lavarem os pratos depois da janta, por exemplo. Vai ver, no outro dia de manhã, e os pratos ainda estão todos lá, empilhados em cima da pia.

- Mas eu não pedi para você lavar os pratos?

- Eu não ouvi - eles respondem, na maior cara-de-pau. Mas se você falar bem baixinho, aqui na sala, quem é que deixou a janela aberta durante a chuva de ontem à noite, o que causou uma semi-inundação na cozinha, ele já grita lá do quintal, quase antes da gente terminar a pergunta:

- Não fui eu!

Pode até parecer que eu estou pegando no pé dos coitados dos adolescentes, mas não é o caso. Mesmo porque, por incrível que pareça, eu também já fui adolescente, e cansei de gritar que não tinha sido eu para os meus pais também. O grande problema é que, atualmente, com esses avanços inacreditáveis na área da saúde, a vida do ser humano está ficando muito mais longa. E, por conseqüência, a adolescência também. Segundo Dráuzio Varela, na "Folha de S.Paulo", muitos imaginam que as crianças nascidas nas próximas décadas viverão 150 anos ou mais. Quer dizer, um cara pode, hoje em dia, chegar nos seus trinta e cinco, quarenta anos, e ainda estar em plena adolescência.

Deve ser por isso que, quando chamaram todos aqueles deputados para depor nas CPI’s, o que mais se ouvia pelos corredores de Brasília eram gritos de "não fui eu, não fui eu!".

Ou então que não sabiam de nada.

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