A queda do ministro Palocci tardou, e a tardança fez mal ao País, mas veio. Antes tarde do que nunca. Que lições tirar do episódio? 1- Que o PT, além de mal intencionado ao assumir o poder, objetivando aparelhar o Estado em todas as suas instâncias, não compreendeu a sua natureza; 2- Que a ordem democrática tem força, mesmo que tenha lá os seus defeitos. Os delinqüentes não podem ficar impunes indefinidamente; 3- Que a sociedade brasileira passou a ver como banalidade a alternância de ministros da Fazenda, quando outrora não se fazia tal mister sem grande apreensão. Ficou consolidada a forma responsável de condução da política econômica; 4- Que o nosso presidencialismo funciona bem. Mesmo um despreparado como Lula pode exercer o poder na sua plenitude. Com Palocci quebrou-se o segundo dos pilares que se considerava como seus principais instrumentos de sustentabilidade, ao lado do outrora poderoso José Dirceu, contudo a autoridade presidencial continua intacta. Francenildo, o caseiro, foi muito feliz ao sintetizar numa frase o que se sabe desde sempre: "O lado mais fraco... é o da mentira". Ao fim e ao cabo, a estrutura mentirosa se rompe e por isso o Mal jamais triunfa, pois seu trunfo é a mentira, a fraqueza congênita. O caseiro-filósofo acertou em cheio. Na verdade, todo o governo do PT é uma mentira gigantesca, um logro, tendo feito da mesma também o instrumento de sua ascensão ao poder. A sucessão de escândalos que temos visto acontecer cada vez mais era previsível e isso me dá a certeza interior de que a reeleição de Lula será improvável. Mesmo com a pletora de vales-esmola distribuídos, Lula deverá perder porque a classe média, formadora de opinião, "sabe" de todos os mal-feitos. E a propaganda eleitoral será implacável na recordação de cada um dos escândalos, sem contar também que muitos dos outrora poderosos caídos em desgraça poderão receber um vale-Carandiru, uma passagem de ida sem volta para detrás das grades, aumentando os escândalos. O PT subestimou o poder autônomo dos órgãos estatais. Crimes provados não podem deixar as autoridades competentes inermes, mesmo que estas tenham simpatias partidárias. E nem todas elas são petistas. Abusou da sorte com o mensalão, com as notas frias de Marcos Valério, com a luxuriosa mansão dos lobbies e suas recepcionistas profissionais, com os dólares na cueca, com a confissão idiota de Duda Mendonça sobre as contas no exterior, com o caso Waldomiro Diniz, com as mentiras do sumido José Genoino. Isso sem falar na assombração que perambula pelas ruas, o cadáver insepulto de Celso Daniel e a triste história de seu irmão exilado. A Justiça, o Ministério Público e os órgãos policiais cumprirão, mais dia menos dia, seu papel constitucional. O PT subestimou também sentimentos arraigados de nossa gente. Querer amordaçar a imprensa, perseguir um pobre caseiro inocente, romper de forma sacrílega a intimidade de um inocente, que para azar tem uma sofrida história pessoal, tudo isso pegou muito mal no meio jornalístico e na opinião pública em geral. Os jornais não poderiam calar diante da hediondez dessas ações e o que restava de respeito da opinião pública qualificada pelo governo Lula foi-se pelo ralo. Lula e seu governo sangram e passo a desconfiar que eles mesmos contam agora os segundos para voltar à planície, de onde jamais deveriam ter saído. Nem eles mais se agüentam no poder, que diremos de nós, os (des)governados. Xô! Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.
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