13/09/2025  14h00
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
03/04/2006 - 06h00
Diga-me com quem andas
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Não adianta forçar a barra. Quando a gente vê, está junto das pessoas que falam mais ou menos a mesma língua que nós. Repare, por exemplo, no que acontece quando um sujeito vai passar uma temporada um pouco mais longa em um país estrangeiro - a negócios, a passeio ou num desses intercâmbios. Os caras passam a vida inteira querendo conhecer outro país e, quando conseguem, a primeira coisa que fazem é procurar a colônia do país de onde vieram.

Mas nem precisa ir tão longe. Vamos supor que você está numa festa, dessas de reunião de família. Num sítio. Primeiro, está todo mundo ali, misturado. O tempo vai passando, o pessoal tomando uma cerveja, comendo uns petiscos, se soltando. Quando a festa está mais ou menos no meio, a gente já pode ver que, em torno da choppeira ou do freezer de cerveja, já estão agrupados os mais bebuns, rindo alto e contando piadas sujas. Tomando conta do churrasco, geralmente estão os mais gordinhos, com a cara vermelha, suando e palpitando se a carne deve ser temperada só com sal ou se é melhor colocar um pouco de limão para amaciar. Esses dois grupos, geralmente, são os que encontram seus parceiros mais rápido, porque eles já tem um ponto de referência em comum, ou seja, a bebida e a comida.

Os outros demoram um bocadinho mais para encontrar seus pares, mas, no final, dá para perceber que todos os cabeludinhos de óculos seu reuniram num canto, conversando sobre livros e cinema; os que chegaram de caminhonete estão do outro lado falando sobre o quilo da arroba do boi; os de cabelo grisalho se juntaram na varanda da casa contando histórias sobre antigas pescarias; as crianças estão todas correndo lá no gramado, e as mulheres e mães de todo mundo estão debaixo da mangueira falando sobre o futuro dos netos, o presente dos maridos ou do orgulho que elas têm dos filhos.

E é assim que as coisas são. Ao invés da gente procurar pessoas diferentes da gente, para aprender mais, descobrir coisas novas, não: a gente sempre se aproxima das pessoas que fazem mais ou menos a mesma coisa que a gente. Deve ser por isso que lá em Brasília só dá aquele tipo de gente. Como a choppeira para os bebuns e a churrasqueira para os gordinhos, Brasília deve ser uma espécie de ponto de referência para os corruptos, mentirosos, arrogantes e incompetentes do Brasil inteiro.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.