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SEÇÃO
Crônicas
04/04/2006 - 14h03
E-mails encaminhados - a praga
Juliano Martinz
 

Quem nunca recebeu um e-mail encaminhado com alguma história fantasiosa, uma piada sem-graça, ou algum conteúdo depravado que só faz a alegria de doentes pervertidos? E-MAILS ENCAMINHADOS - a praga do século. Epidemia! Pandemia! E-mails assim viajam pelos quatro cantos do mundo. Alguém recebe uma mensagem, acha interessante e repassa para todos os seus contatos. Estes, por sua vez, fazem o mesmo. E aquilo que, a princípio, era uma tímida e anônima mensagem, agora é multiplicada centenas de vezes e lida por milhares de pessoas.

Há de fatos alguns bastante aproveitáveis. Já recebi crônicas do Jabor e do Veríssimo. Valeram a pena. Mas posso fazer uma afirmação que fará alguns de meus amigos retirarem meu nome de sua lista de contatos: 98% dos e-mails encaminhados que recebo é a estupidez personificada em bits e bytes. A começar pelos títulos mais previsíveis e banais desde a criação da Via Láctea: "ENC: Essa é boa" ou "FW: Essa é pra acabar". Concordo. É PRA ACABAR! E no corpo da mensagem, todas frases precedidas pelos confusos sinais de ">". Pior: os adeptos nem se dão ao trabalho de ocultar os endereços das pessoas a quem enviam essas execráveis. E lá vai o meu endereço de e-mail sendo passado e repassado para milhares de pessoas! Depois eu começo a receber e-mail duma empresa que insiste em me vender produtos para emagrecer, muito embora eu esteja cinco quilos abaixo do peso mínimo, e ainda me pergunto como conseguiram meu endereço.

Mas o que leva alguém a encaminhar e-mails? A resposta me parece simples. Para serem lembradas. Nesse mundo louco, porém, não é fácil sermos lembrados pelas vítimas da agitação do dia-a-dia. O que fazer, então? A velha máxima da publicidade: "Quem não é visto não é lembrado". Para ser lembrada pelos amigos, conhecidos e até desconhecidos, a pessoa envia e-mails para esses. O problema é: o que dizer? Ah, na falta de assunto, recorre-se ao último e-mail da caixa postal (como aquele que enumera as dez coisas que não se deve dizer para uma mulher - você já leu esse? Engraçadíssimo! Depois eu te mando... É pra acabar!) e envia sem dó nem piedade dos pobres cérebros destinatários que serão submetidos à tortura de ler tamanha execrabilidade. O mesmo princípio se aplica ao Orkut com os depressivos estimulantes de regurgitação "Clique no urubu", "Clique no abutre", "Clique no olho esquerdo do mamute".

E assim a pessoa perde sua originalidade. Ao encaminhar e-mails, ela perde a oportunidade de contar um pouco de si mesma. Torna-se, apenas, o eco confuso de um outro internauta anônimo. Torna-se o nada refletido num oceano desprovido de água.

Acreditem: e-mails encaminhados ficariam ruborizados, sentindo-se culpados, se ouvissem Humberto Gessinger cantar: "Querem nos deixar com sede. Não querem nos deixar pensar."

Nota Hipócrita: Por favor, se você tiver e-mail, encaminhe essa crônica para todos os seus contatos.


Nota do Editor: Juliano Martinz é técnico em informática (mas o sonho de abandonar as máquinas e sobreviver como escritor persiste, inexpugnável).

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