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SEÇÃO
Crônicas
06/04/2006 - 16h00
Passa a manteiga
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Eu vou contar uma história. Nem é uma história tão antiga assim. Acontece que, no Brasil, há não muito tempo atrás, havia uma censura danada. Pra você ver uma coisa, a única coisa que aparecia de verdade nas mulheres da Playboy eram os seios. O resto não aparecia nada. Qualquer ediçãozinha aí do Big Brother aparece mais coisa do que uma Playboy inteirinha daqueles tempos.

Então, a coisa era feia. Tão feia que a maioria dos filmes não podia passar por aqui. Ou os filmes eram considerados comunistas ou então eram pornográficos. Não tinha escapatória. Se tinha um ator lá que dava uns tiros em alguém, o filme era considerado comunista. Se aparecia uma bunda, era pornográfico. Agora, me fala aí um filme que não tenha pelo menos uma arma ou uma bunda. Não tem. Dessa maneira, eles acabavam proibindo quase todos filmes de passarem nos cinemas. Só muito de vez em quando alguns filmes eram liberados com cortes, mas eles modificavam tanto o filme que a gente acabava não entendendo patavina da história, então não adiantava nada.

Entre esses filmes proibidos estava "O Último Tango em Paris", de 1972. Era um filme do Bernardo Bertolucci, vejam vocês. Um filme "de arte" que causou furor no mundo todo. O ator principal, inclusive, era o Marlon Brando, que naquele ano disputou o Oscar pelo papel. Mesmo assim, o filme foi censurado. No caso, como pornográfico. A gente até ouvia falar umas coisas sobre o filme, de uns amigos que tinham ido para o exterior, mas a gente simplesmente não acreditava.

- Como assim?

- Assim mesmo, oras.

- Mas mostra tudo?

- Tudinho.

Bem. A minha geração teve que esperar sete intermináveis anos até que "O Último Tango" fosse finalmente liberado sem cortes, em 1979. Eu estava lá, na fila do Cine Ouro Verde, em Campinas, um dos primeiros cinemas do Brasil a exibirem a fita. E, eu vou te falar um negócio. As coisas que o Marlon Brando e a Maria Schneider faziam com um pote de manteiga naquele filme mudaram completamente minha visão de mundo. Foi uma espécie de marco. Para toda minha geração, a manteiga tornou-se um símbolo da... do... hã... bem, você sabe o que eu estou querendo dizer.

E agora, quase trinta anos depois, eles pegam e colocam um cara chamado MANTEGA como Ministro da Economia. Tem coisa mais broxante que isso? Parece brincadeira. Além das nossas esperanças, eles agora estão querendo também acabar com as nossas fantasias sexuais.

Ou então, é sarcasmo mesmo.

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