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Opinião
11/04/2006 - 10h05
Estupro: a próxima vítima pode ser sua filha
Silvana Martani
 

Há três semanas uma paciente de 14 anos chegou ao consultório acompanhada pela mãe. Estava assustada e com a cabeça baixa. Tinha sido encaminhada por um colega médico por conta do estupro que sofreu em uma Rave que foi com as amigas e a irmã mais velha no interior de São Paulo. Como a irmã era muito "chata" e não queria que ela bebesse, resolveu se "perder" com as amigas que acabaram se desencontrando quando ela parou para comprar bebida. Mais tarde, a jovem, toda machucada, foi encontrada na beira da estrada pelo pai que foi buscá-las. Três amigos resolveram fazer uma "festinha" com a menina, embalados por todas as drogas que correm nesse tipo de evento.

Semana passada ocorreram outros dois casos semelhantes: um com uma menina de 12 anos e outro com uma de 16 anos que conheceram uma turma no MSN. Durante o bate-papo virtual, os meninos pediram para jogar videogame na casa delas. Como era dia de semana, os pais estavam trabalhando e somente as empregadas estavam em casa, tudo estava liberado. As empregadas foram embora no horário habitual e a sessão de horror começou. O combinado era que viesse somente o amigo da web, mas ele acabou trazendo mais dois amigos para todo mundo se divertir. Os meninos se revezaram no banheiro e as meninas tiveram que "servir" a todos e satisfazê-los. Segundo o relato das meninas - que eram virgens - elas cederam porque foram ameaçadas e ficaram com medo de apanhar do grupo.

Os pais só ficaram sabendo porque as empregadas perceberem que alguma coisa tinha acontecido. Elas pressionaram as meninas que acabaram contando o fato e só depois, os pais foram informados sobre o que havia ocorrido. Duas garotas de bairros diferentes, de classes sociais A e B, que estudam nos melhores colégios de São Paulo e que vão muito bem em todas as matérias. Os estupradores, adolescentes que pertencem às mesmas classes sociais, eram menores de idade e estudantes de escolas particulares. Todos se conheciam há algumas semanas e ninguém parecia drogado ou alcoolizado nestes episódios.

As salas de bate papo - MSN onde se está on-line conversando e o orkut - são as grandes diversões da garotada que fica conectada a maior parte do tempo que tem livre. Os pais sabem que isso acontece, mas não imaginam que tipo de conversa os filhos estão tendo com seus “amigos”, ou porque não entendem o tanto de abreviações da escrita do diálogo ou porque acham que sentados ali, em casa, os filhos estão protegidos. Na puberdade e adolescência, os jovens não são capazes de avaliar os riscos que correm por conta da imaturidade e os pais precisam estar muito atentos.

Nestes episódios há um fato em comum, além das meninas serem violentadas e o estuprador ser o “amigo” da Internet ou estar na mesma balada, os pais não tinham a maior idéia do que estava acorrendo. O que nos leva a crer que esse tipo de acontecimento é conseqüência da falta de controle dos pais sobre seus filhos, além da pouca orientação. Uma menina não combina nada com gente que nunca viu e não conta nada para pais que exigem que ela informe sempre aonde vai e com quem está. Uma jovem de 14 anos não compra bebida alcoólica em uma festa sem achar que isso é muito legal e sem já ter bebido antes. Os filhos não vão a uma festa que começa às 23h00 e termina às 9h00 do dia seguinte e só ficaram conversando com os amigos e dançando.

Alguns pais estão muito preocupados com os seus problemas e esquecem que em casa tem um filho que precisa ser educado e cuidado.

Hoje é mais difícil e perigoso criar os filhos e os pais mais atarefados repassam a tarefa de orientar para a escola que não tem essa função sozinha, o que pode explicar porque os jovens estão mais audaciosos e irresponsáveis, ou seja, estão encontrando espaço na educação e orientação que os pais dão para colocar a vida em risco.

Em conseqüência disso, temos jovens mais infelizes e menos realizados, fruto da precocidade que impera entre eles. Alguém que fica em casa a tarde inteira conectado ou dorme à altas horas pelo mesmo motivo, pode estar se expondo de uma maneira que não percebe e o pior, não tem condições de perceber.

O adolescente é inexperiente e não poderia ser diferente, senão seria adulto. Ele precisa ser monitorado pelo adulto, independente dele não gostar ou achar que precisa. Se ilude quem acha que o adolescente tem condições de cuidar da sua vida sozinho.

Os pais precisam gastar tempo com seus filhos e se certificar que eles estão no caminho certo. Os pais das adolescentes citadas que permitiram junto às suas filhas este relato - desde que se mantivessem os seus dados pessoais em pleno sigilo - acreditavam que as filhas não tinham o menor perfil para fazer o que fizeram e ficaram muito surpresos.

Infelizmente eles não conheciam bem suas filhas ou perderam os últimos anos de vida delas trabalhando muito e ficaram com a idéia da criança que, para eles, foi bem criada, mas o tempo passou...

Imaturidade, ingenuidade e audácia formam uma mistura explosiva e é com esta combinação que os jovens estão navegando na Internet ou saindo com os amigos.

TODO CUIDADO É POUCO!


Nota do Editor: Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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