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Crônicas
12/04/2006 - 13h13
Os cabelos brancos de Lula
Fábio de Lima
 

O PT, o governo - o governo, o PT - uma coisa, outra coisa - uma coisa só. Um poeta amigo meu perguntou-me outro dia com quantas mentiras se faz um país. Silenciei. O tempo passa e algumas coisas mudam sempre, outras não mudam nunca. Os cabelos do Lula ficaram brancos. Os cabelos do povo ficaram brancos. Mas os rostos dos mentirosos nem vermelhos ficam. "Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro - é duro tanto ter que caminhar, e dar muito mais do que receber".

O espelho de casa com os anos perde o esmalte e os rostos ficam todos ofuscados. "Que país é esse?" A bandeira também já está puída no mastro. Eu que nunca tive uma Land Rover. Eu que nunca tive amigos que me dessem presentes desse tipo. Eu que nunca vi de perto o ’humilde’ José Dirceu. Eu que nunca pensei em dar um cheque em branco para o Roberto Jefferson. Eu que não conheço o Paulo Okamoto - pois minhas contas eu mesmo pago. Eu que nunca estive na mesma casa que Antonio Palocci costumava freqüentar. Eu que tenho outro país nos meus sonhos. "Quantos caminhos um homem deve andar para que seja aceito como um Homem?"

Meus livros estão empoeirados e as fotos neles estão amareladas - a capa dura ainda resiste ao tempo, mesmo que os calendários estejam, há muito, no lixo. O Brasil mudou demais. O Brasil não mudou nada. "Não posso mais olhar nosso jardim - nele não existem flores - tudo morreu pra mim".

O país verde e amarelo. O país vermelho. O país de uma estrela morta e de um sonho irreal. Outrora li nos jornais que o carro do corpo de bombeiros pegou fogo. Nada mais propício ao momento. Nada mais lúdico - por incrível que pareça. Nada mais, contraditoriamente, real. "Quando olhei a terra ardendo - qual fogueira de São João, eu perguntei a Deus do céu, por que tamanha humilhação".

Mas que segredos trazem os pergaminhos escondidos? Quais histórias já escritas nas areias das praias foram escondidas pela água salgada? Quantas lágrimas derramadas atrás da política mesquinha? "Você nem sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer meu amigo - que uma nova mudança, em breve, vai acontecer. E o que, há algum tempo, era jovem e novo - hoje é antigo. E precisamos, todos, rejuvenescer".

Quanta saudade dos cabelos negros do Lula. Meu Deus, quanta saudade do sindicalista indignado com as injustiças desse país; daquele homem do povo, com o povo e para o povo. Saudade, também, de uma nação esperançosa que acreditava em um futuro melhor. BRASIL, onde se encontram heróis depois que os cabelos ficam brancos?


Nota do Editor: Fábio de Lima é jornalista e escritor ou "contador de histórias", como prefere ser chamado. Atua como repórter freelancer para o jornal Diário do Comércio (SP) e é diretor de programação da Cinetvnet (TV pela WEB). Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO.

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