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Crônicas
16/04/2006 - 20h20
Merecimento
Rosana Hermann
 

Quando a CPI terminou ficou fácil perceber o abismo existente entre o conceito moral e o conceito legal de justiça. Não é justo que aquele político tenha sido absolvido depois de todo o dinheiro que subtraiu. Aliás, acompanhar o noticiário político é uma fonte de revolta para muita gente porque tudo nos parece extremamente injusto de uma forma geral.

E por que isso acontece? Porque todos querem malhar Suzane no poste como Judas antes de qualquer julgamento? Porque acreditamos que Michael Jackson é pedófilo se ele foi absolvido? Por que acreditamos na legitimidade dos nossos sentimentos mais do que própria lei? Simples. Porque fomos forjados numa sociedade judaico-cristã que prioriza o conceito não de justiça mas de merecimento.

Acreditamos que, mesmo que a moça não seja uma assassina, ela merece ir para a cadeia, por tudo. Michael Jackson merece ser preso porque mesmo não sendo pedófilo é muito esquisito. O tempo todo julgamos quem merece ou não merece ser feliz, rico, famoso. Se uma moça bonita namora um homem feio é comum ouvir comentários do tipo ’ela merece coisa melhor’. Tudo, para nós, latinos, é questão de merecer ou não merecer, no bom e no mau sentido. Como se o dinheiro, a saúde e até a liberdade fosse não um direito, mas um prêmio outorgado pela sociedade.

Recentemente, no final da sexta edição do Big Brother, até o apresentador Pedro Bial reclamou do resultado dizendo que o público quis fazer justiça social e não votar no finalista de um jogo. Ao acompanhar a história triste da participante, todos devem ter pensado: ’mas ela merece’.

Talvez seja a influência de anos e anos ouvindo os participantes dos programas de auditório gritando ’ele merece’, talvez seja um desejo premiar os que sofrem ou de compensar os que injustamente não tiveram oportunidades. Mas é sempre perigoso quando se trata a lei como se fosse uma novela. Mesmo porque a novela da vida tem um autor muito mais poderoso e que não usa os critérios humanos. Coisas boas acontecem para pessoas más e coisas más acontecem para pessoas boas. O fato é que, só D’us decide, afinal, quem vai para o trono ou não vai. Merecendo ou não.


Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.

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