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Crônicas
17/04/2006 - 05h25
Procuram-se homens públicos
Lula Miranda - Agência Carta Maior
 

O conceito de homem público hoje em dia é algo para lá de abstrato. É difuso, sinuoso, improvável. Olvidado, maculado, vilipendiado. Tornou-se uma expressão vazia, destituída de sentido, um engodo, uma impropriedade semântica. É coisa que você só encontra mesmo nos dicionários, assim como outras palavras ou expressões da língua, já bastante desgastadas pelo uso indevido, ou que simplesmente caíram em desuso – tais como liberdade, solidariedade, fraternidade, valores morais, ética, cidadania etc. No dicionário, homem público é aquele indivíduo que se consagra à vida pública. Mas só no dicionário. Desgraçadamente.

Desgraçadamente já não se vêem homens que devotam sua vida a zelar pela coisa pública e pelo bem-estar de suas comunidades, ou de um estado ou nação. E que assim o fazem de modo desinteressado, por civismo, por humanismo, por espírito público. Como se estivessem imbuídos de uma missão. Como se estivessem no exercício pleno/sagrado de uma espécie de sacerdócio.

Os hoje indevidamente chamados “homens públicos” apenas se utilizam da coisa pública para defender interesses privados – os seus próprios e do grupo (político e econômico) que lhe dá sustentação. Daí a corrupção endêmica que se instalou há muito na máquina pública. E isso se dá em todos os níveis de governo: federal, municipal e estadual. E em todos os poderes da República.

Portanto, aqui vai uma singela e despretensiosa sugestão. Coloque uma plaqueta na porta de sua casa, na janela de seu apartamento, ou mesmo um adesivo no vidro do seu carro, com os seguintes dizeres: “Procuram-se homens públicos” – assim mesmo em negrito. Faça uma camiseta estampando no peito essa frase. Junte um grupo de amigos, faça uma coleta de recursos e espalhe outdoors por toda sua cidade com esses dizeres: “Procuram-se homens públicos”. Afinal, estamos em ano de eleições!

Sugira uma gincana na escola dos seus filhos, ou mesmo entre as crianças do seu bairro, cuja principal tarefa, a que acumulará mais pontos e definirá o vencedor, será a de encontrar um homem público. Missão impossível, mas bastante educativa – ressalte-se.

Afinal, e é urgente, procuram-se homens públicos. Procuram-se homens públicos que não sejam coniventes com a fome, com a miséria. Procuram-se homens públicos que não sejam negligentes com a educação de nossos jovens, que não sejam cúmplices ou, no mínimo, omissos, diante do encarceramento e tortura desses mesmos jovens, “futuro da nação”, nas Febem – não só no estado de São Paulo, campeão em desrespeito aos direitos humanos, mas em todo o país.

Procuram-se homens públicos que não se façam de cegos e/ou indiferentes a tantos desvalidos “vivendo” nas ruas das grandes cidades, em malocas, cortiços e favelas; que não sejam indiferentes às crianças que pedem esmolas nos semáforos ou que trabalham como escravas nas lavouras; que não fiquem impassíveis diante dos milhares de brasileiros que sofrem todos os dias nas humilhantes e intermináveis filas do SUS; dos que, pela total falta de oportunidades, caíram em desgraça e são amontoados/segregados em presídios superlotados; dos que passam fome e se alimentam das sobras colhidas no lixo, na infame colheita.

Procuram-se homens públicos que não se preocupem apenas em ser meros “gerentes” ou “super-gerentes”; que não tenham como meta apenas alcançar superávits fiscais cada vez mais altos e assim supostamente “agradar” ao deus mercado; que não pensem apenas em ganhar eleições ou lustrar a sua imagem falsa gastando milhões em publicidade.

Procuram-se homens públicos que não usem postos e cargos públicos como mero trampolim político ou como fonte de enriquecimento (ilícito, por suposto!), e que, se eleitos, desempenhem de fato um bom papel, façam um bom governo e, claro, mantenham-se até o final dos seus mandatos, cumprindo assim suas promessas feitas à época das eleições. Procuram-se homens públicos que não troquem de partido como quem troca de camisa.

Procuram-se homens públicos dignos de serem assim chamados.

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