Bem, meus amigos que parecem bobos, tá chegando a hora da eleição. Os ânimos estão esquentando. A adrenalina subindo. E, daqui pra frente, o que a gente vai ver é briga de rua. Mais. Chinelagem. Vão botar até a mãe no meio. A gritaria vai ser alta, vão te encher o saco por tv, rádio, jornal e revista. Toda hora, todo dia. Folga só na Copa e na final do Big Brother Brasil Sete. Esta será uma das campanhas mais baixas da história. Afinal, os caras vão brigar a briga que sabem. Esqueçam elegância, honra, educação, generosidade. Esqueçam a verdade. Essas coisas não ganham briga. O processo de fritura do Palocci, que envolveu até uma casa cheia de prostitutas, foi só o ensaio... Eles, situação, oposição ou coluna do meio, vão misturar tudo. Família, parente, amigo e confidente. Vão morder, chutar a canela, bater em neguinho caído, enfiar dedos nos olhos e jogar areia na cara. Vão adotar a "Estratégia do Boimate": combinar boi com tomate, esfregando na nossa cara as alianças mais esdrúxulas, apresentadas como tiradas estratégicas. Desfilarão realizações de um lado e desmentidos de outro. Novos malandros vão aparecer. Velhos malandros vão reaparecer. E desfilarão mentiras em horário nobre. Tudo convenientemente "dudificado". "Dudificar": seguir a cartilha do Duda, criando embalagens irresistíveis para produtos envelhecidos, estragados, ruins, desonestos, perigosos... Isso constatado, qual é a providência que nós, os eleitores "dudificados" temos de tomar? Afinal, vamos ter de escolher um lado. Você vai com o mocinho ou com bandido? Com o gordo ou com o magro? Com os Jedis ou com os Seths? Vai ser difícil, meu amigo... Tem informação demais circulando, muitas vezes conflitante. Não sei mais quem é mocinho e quem é bandido. O meu herói de hoje vira covarde no final de semana, em matéria de capa da revista semanal... - Pô, como é que eu faço? Você, eu não sei. Eu farei assim: estou lendo tudo sobre os candidatos. Procuro ouvi-los falar. Olhar nos olhos. Ver com quem eles andam. Ler o currículo. Procuro gente que os conheça pessoalmente e pergunto. Procuro gente que os conheceu quando eram jovens, para saber de seu caráter. Mas, antes de tudo, e todo o tempo, procuro fazer cinco perguntinhas cada vez que recebo uma informação, seja qual for a fonte. É meu processo de "desdudificação": Primeira: quem criou essa mensagem? Segunda: que técnicas criativas foram usadas para chamar minha atenção? Terceira: se não fosse quem sou, não morasse onde moro, não tivesse a educação que tive, como é que eu entenderia essa mensagem? Quarta: que valores, estilos de vida e pontos de vista estão representados ou foram omitidos dessa mensagem? Quinta: por que essa mensagem está sendo enviada? Essas cinco perguntinhas não garantem nada. Mas ajudam na "desdudificação", criando um estado de alerta para as armadilhas marqueteiras postas à nossa frente diariamente pela mídia. É pouco? Mas é o que dá pra fazer com os recursos disponíveis. E posso até dizer que já escolhi meu candidato... Por enquanto. O quê? Ah, você não vai com nenhum? Vai "desdudificar-se" anulando o voto, né? Tá bem. Deixe que alguém escolha por você. Mas torça para que seja o mocinho... Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.
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