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Crônicas
24/04/2006 - 16h19
O que você vê na TV?
Rosana Hermann
 

O Ibope não mede o que você gosta mas o que você assiste. Como muita gente, eu também vejo programas que odeio, acompanho apresentadores que detesto, só pelo prazer de, durante alguns minutos, xingá-los e criticá-los com o controle-remoto na mão, até o instante em que descarto-os soberanamente mudando de canal com um botão.

Salvo exceções patológicas como esta, de uma forma geral, os programas que dão mais audiência são aqueles que mais agradam ao gosto do público ou que levam até as pessoas as atrações que melhor as hipnotizam. Sim, porque só a hipnose coletiva pode explicar o fato de uma criancinha rebolando atrair onze pontos de audiência. Quem são, afinal, essas pessoas que ficam ali, todo domingo, vendo cantores mirins num programa de calouros? São pessoas que perderam os controles-remotos sob as almofadas do sofá? Estariam elas imobilizadas e por isso não podem trocar o canal? Ou será que todos os aparelhos estão ligados para as moscas enquanto os donos das casas foram dar uma voltinha? Não sei, mas não adianta reclamar, os números não mentem jamais. Ali está uma menina de menos de dez anos de idade, fantasiada de gente grande, sambando como uma minhoca e angariando milhões de pares de olhos para si e milhões de reais para o apresentador.

E não adianta crucificar um programa. Deve ser culpa do gosto nacional mesmo. Porque logo ali, na emissora ao lado, uma mulher que não canta, não dança e não representa, vestindo roupas bizarras e entoando músicas de dois acordes e três frases levanta o Ibope até quase duas dúzias de pontos.

O que explica isso? Por que tanta gente se interessa pela vida íntima de Gloria Trevi se ninguém conhece uma música sequer da fulana? Por que uma cantora mexicana que só ficou famosa por uma história policial vira notícia no Brasil? Por que desgraça atrai?

Poderíamos formular dezenas de perguntas como estas, gerando apenas angústia e sofrimento. Mas a resposta é mais ou menos simples. As pessoas assistem televisão em busca de emoção. Assim como a esteira exercita as pernas e os pesos exercitam os braços, a televisão exercita as emoções. Chorar diante de um caso comovente, ver o bem triunfando sobre o mal, torcer pelo time, ouvir uma música, acompanhar um telejornal ou simplesmente xingar a jovem que assassinou os pais é como fazer duas horas de academia sentimental. E considerando-se que o brasileiro é muito sentimental, afetivo, quente, fica fácil entender por que a televisão faz tanto sucesso no país.

Não, o Ibope não mede o quanto a pessoa gostou do programa mas o quanto o programa foi capaz de mexer com os sentimentos que passam na tela de sua alma...


Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.

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