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Crônicas
28/04/2006 - 19h06
Imortal sem fardão
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Recebo um telefonema de pessoa querida convidando-me para uma recepção a Marcos Vinicios (com "o") Villaça. Ele veio lançar a sexta edição do seu livro, feito em parceria com Roberto Cavalcanti de Albuquerque, "Coronel, Coronéis". Na realidade, "Coronel, Coronéis" é fruto de pesquisa feita em 1963 que virou marco da historiografia nordestina em que trata dos coronéis que davam uma visão peculiar da região.

Chego. A mesa principal está posta de forma retangular e, como contraponto, há uma redonda em que fica um grupo pequeno. De repente, entra Marcos Villaça. Eu, que o imaginava de fardão e botões dourados, precedido por rufar de tambores, vejo-o de calça e camisa com cinto esporte de cor, acompanhado da mulher e de um grupo de amigos. Livros chegam junto.

Vem, cumprimenta todos. Vê, com atenção, a menção especial do caderno de "Cultura" sobre a sua obra e, como mortal comum, beberica alguma coisa e dá autógrafos em pequeno comitê. Marcos Villaça acumula funções "etéreas" de membro da Academia Brasileira de Letras e fáticas de Ministro do Tribunal de Contas da União. Assim, o escritor é também um graduado especialista em finanças públicas. Mas não estava ali para falar das contas governamentais, CPIs ou o que o valha. Ele ocasionalmente me respondia por qual razão não gostava de aquários. Riu e disse: "de onde você desencavou essa história" e o assunto virou um chiste. Quando falo em funções etéreas é porque a maior parte das pessoas não entende o simbolismo da vida acadêmica, como guardiã da língua e da cultura. Ser imortal é como uma figura de retórica, mas tudo foi feito no Brasil à imagem da Academia Francesa. Optou-se por dizer que alguém é imortal quando consegue entrar em uma academia de renome, é imortal não por si, mas pela obra que produz e, certamente, ultrapassará a sua temporalidade.

E a conversa tornou-se amena. Recebi, com alegria, o seu discurso de posse na presidência da ABL, em que está escrito: "sou um insistente na esperança e não sou um subalimentado de sonhos". E ele define, de forma clara, o que deve fazer uma academia: "Seu papel será preservar e valorizar a memória nacional: a língua como instrumento de conhecimento e da convivência; as letras como reveladoras/formadoras da identidade nacional; a cultura preservada e habilmente inserida em processo civilizatório que seja também caracteristicamente brasileiro."

Pois foi assim que Marcos Villaça entrou na graça dos que não o conheciam e descobriram ter ele inteligência pernambucana, verve cearense e cultura nacional.

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