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Crônicas
29/04/2006 - 12h11
Mark Twain em Marechal Hermes
Luiz Guerra - Agência Carta Maior
 

Desta vez, sebo de feira livre, um tabuleiro de alguns palmos quadrados botando livro pelo ladrão, torre de papel. Ultrapanglossianos, meus olhos gostam de desafios assim, sempre deparam aquele volume problemático que acompanha o livreiro desde criancinha e que parece vai com ele para o céu, quando soar a grande hora. Já arranquei muita lágrima de gratidão com minhas escolhas estapafúrdias (na visão dos vendedores, claro), sobretudo quando o exemplar escolhido estaria fisicamente melhor numa lixeira do que em minha estante de velharias ilustres. Assim aconteceu por ocasião da compra de um François Villon gallimardiano mais esfarrapado do que o poeta-andarilho, ou do impressionante "Logos heraclítico", de Damião Berge, este precisando de reedição crítica à altura de sua importância filosófica. Compre este barulho, moçada.

Mas o livro especial que encontrei hoje na barraca do Joãozinho Traça foi o "Twain" de Douglas Grant, publicado há quarenta e quatro anos pela editora inglesa Oliver and Boyd Ltd., em sua série Writers and Critics. Não é nenhuma raridade, não chega mesmo a ser um grande texto no gênero, mas contém uma informação bastante curiosa acerca da autobiografia do bem-humorado autor de "Tom Sawyer".

Numa carta ao seu amigo de letras W. D. Howells, em junho de 1906, escreve Mark Twain em tom jocoso, praticamente oferecendo aos nossos dias um belo gancho editorial: "Amanhã pretendo compor um capítulo [da autobiografia, que vinha ditando para uma estenógrafa] que levará meus herdeiros e sucessores à fogueira, caso tenham a coragem de publicá-lo antes de 2006 (...). A edição de 2006 será um sucesso, quando aparecer. Estarei por perto, observando, ao lado de outros caras mortos. Você certamente está convidado."

Por sinal, um convidado muito auspicioso, deve ter pensado Howells, sorrindo, pois tinha seus papéis em ordem e sabia que, após sua própria partida deste mundo, se não antes, a carta do amigo ganharia publicidade. Resta saber se os atuais editores norte-americanos ou ingleses estão atentos ao lembrete mark-twainiano. Tomara que sim. Dói o coração imaginar o fantasma de um autor tão generoso desenganado em suas esperanças.

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