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Crônicas
29/04/2006 - 20h41
Artistas sem arte
Rosana Hermann
 

O programa popular do momento é o show de calouros revisitado do SBT, chamado Ídolos. A medida de sucesso, claro, está no fato do programa ter ficado durante bons minutos em primeiro lugar de audiência, ou seja, na frente da Globo.

Independente do formato ser estrangeiro, dos componentes dramáticos e humorísticos, de detalhes de direção e redação ou até mesmo dos critérios de seleção inicial, Ídolos é um programa que premia as pessoas que têm talento para cantar. Quem não tem voz, afinação, ouvido, não passa. Só fica quem, entre outras coisas, tem o dom de cantar, quem tem uma arte.

Mas a pergunta que fica é... por que então o Brasil tem tantos ídolos sem talento? Cada um de nós é capaz de apontar pelo menos dezenas de cantores que não têm voz, apresentadores que não nasceram para comunicar, escritores que escrevem mal, atrizes sem nenhum conhecimento de interpretação. A lista é interminável, de categorias e representantes sem vocação. São centenas de celebridades que vivem de uma fama artificial construída pela repetição de um nome e pela exposição recorrente de uma imagem. E olha que isso acontece desde antes da invenção dos reality shows, um dos maiores provedores de artistas sem arte da nossa mídia.

E a culpa é de quem? Do famoso? Da mídia? Do público? O mais cômodo seria responsabilizar o mercado ou melhor, a indústria da fama, que movimenta incontáveis veículos de mídia impressa e eletrônica. Mas o maior vilão de todos é mesmo o marketing. O marketing não é uma ciência, ou uma arte, mas uma técnica. A técnica de fazer acreditar não em um objeto, fato ou pessoa na ilusão atribuída a ele. As mesmas regras de marketing que sempre venderam poder e não automóveis, sensualidade e não sabonete, liberdade e não calça jeans, são aplicadas na venda de celebridades. Cantoras, por exemplo, não precisam cantar contanto que tenham corpos perfeitos. O mesmo é válido para atrizes, apresentadores e em alguns casos, até repórteres e jornalistas. Hoje, pessoas também são produtos e, se tiverem atributos aspiracionais que todos queiram imitar certamente farão sucesso.
 
Deve ser por isso que o programa Ídolos agrada e comove tantos milhões de brasileiros. O programa cumpre seu papel de lembrar como é bom ouvir o talento, ser testemunha do dom.

E fica a lição: um mercado que aceita que o marketing produza cantores sem voz, certamente vai gerar cidadãos que não exigirão que seus políticos tenham honestidade ou compromisso com o povo.


Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.

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