Dos que começaram com o Lula, sobraram bem poucos. A maioria saiu, ou foi afastada, acusada de um monte de porcaria que eu não vou ficar aqui repetindo toda hora. Agora, de umas semanas pra cá, chegou a vez do Alckmin. Nem bem o homem se lançou candidato e já começaram a acusá-lo de nomear um bando de corruptos para dirigir a Nossa Caixa. Bem, eu não estou aqui pra ficar protegendo ninguém, mas eu fico pensando no que aconteceria se eu, ou você, um dia, fôssemos eleitos para alguma droga de cargo, e tivéssemos, como o Lula e o Alckmin, de nomear centenas (milhares?) de ministros, secretários, assessores, consultores, técnicos, publicitários e tudo o mais.

Pensa bem. Onde é que a gente ia arranjar tanta gente honesta assim? Não ia. Eu, pessoalmente, devo conhecer aí, no máximo no máximo, uns dois ou três sujeitos totalmente honestos, e todos eles, muito provavelmente, talvez até por serem totalmente honestos, recusariam qualquer cargo público. Além do mais, entre esses dois ou três, eu teria que incluir o meu pai e a minha mãe, e já imaginou o rolo que não ia dar se eu ali, recém-eleito presidente, logo de cara nomeasse o meu pai e a minha mãe para o ministério da Fazenda e do Planejamento?

Outra que poderia assumir algum cargo seria a minha mulher, talvez até a minha filha. Tirando esses aí, duvido muito que eu encontrasse mais gente pela qual eu colocaria a mão no fogo. Quer dizer, até esse momento, eu teria contratado só gente honesta e íntegra e, mesmo assim, o meu governo já estaria sendo acusado por toda a imprensa de fisiologismo e de nepotismo.

Mas até aí tudo bem. Eu, e provavelmente o país, agüentaríamos na boa umas acusações de nepotismo de vez em quando. Existem acusações piores. Mas, e para os outros cargos? Onde é que eu arrumaria mais algumas centenas (milhares?) de pessoas honestas nesse país? Tudo bem, sendo um pouco menos seletivo, eu tenho um cunhado que aparentemente não tem nenhuma queda para a roubalheira. Meu sogro e minha sogra também nunca foram flagrados por aí em reuniões em casas suspeitas ou com dólares escondidos na cueca. Mas mesmo se eu contratasse toda a minha família - o que não é o caso, porque alguns dos meus primos eu não nomearia de jeito nenhum, pois que eu também tenho um mínimo de responsabilidade - mas mesmo assim, nomeando toda a minha família, ainda restariam centenas (milhares?) de vagas na administração, que teriam que ser preenchidas, e sabe-se lá por quem.

Deve ser mesmo uma cruz ser eleito para um cargo público. Dá até dó dos caras.