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Opinião
05/05/2006 - 07h55
Carta ao Presidente Lula
Geraldo Almendra
 

Senhor Presidente

Como cidadão, que votou na sua candidatura em 2002, entendo ser meu direito, garantido pela Constituição, expressar minha profunda insatisfação com o seu governo ao qual sempre me referencio como o desgoverno Lula.

Depois que o Brasil passou pelo desastre do segundo mandato do seu antecessor, esperava que o seu governo, com a força e o poder dos votos que lhe foram conferidos por mais de 52 milhões de cidadãos, adotasse um comportamento de uma administração liderada por um verdadeiro estadista - apesar de suas limitações culturais, que não deveriam lhe desqualificar para ser um líder transformador de uma sociedade - para trabalhar na direção do cumprimento de suas promessas de campanha, lutando por uma reordenação do Estado para que a moralidade e a ética do poder público pudessem, finalmente, nos dar algum orgulho de sermos contribuintes que pagam a escorchante conta tributária do seu desgoverno, que esperávamos que realmente se empenhasse arduamente na direção adequada para ajudar nosso país atingir a grandeza política, econômica e social que tanto sonhamos.

Chamado de sapo barbudo pelos seus adversários políticos, com o beijo da princesa democracia, o Sr. acabou subindo no trono da esperança do povo como um príncipe plebeu que iria lutar pela transformação do nosso país na direção de uma sociedade digna e justa.

Acompanhei ao longo de mais de vinte anos sua luta para formar um partido político com uma visão socialista que pudesse, ao assumir o poder, transformar o processo econômico capitalista selvagem que continua fazendo os ricos mais ricos e escravizando os pobres e os menos favorecidos à continuada exploração das elites dirigentes, da corrupção política, e de um corporativismo que há décadas faz do Estado uma máquina perdulária, ineficiente, empreguista, incompetente, corrupta e refém das relações públicas-privadas meliantes e espúrias.

Seu desgoverno, como eu o qualifico, vem sendo sistematicamente denunciado pela mídia por inúmeros e sistemáticos escândalos de corrupção e prevaricação, além de tentativas de caráter autoritário de cerceamento de nossa democracia e liberdades individuais.

Pessoalmente o Sr. nunca foi acusado, formal e diretamente, de desvios de conduta pessoal e política, passíveis de julgamento pela Justiça, mas vários dos seus auxiliares diretos, e muitos pertencentes à sua base política, foram denunciados pelo Procurador Geral da República como cúmplices de uma organização criminosa, que ainda continua impune e circulando livremente na sociedade, sem demonstrar qualquer pudor com as gravíssimas acusações que pesam sobre os ombros de seus participantes.

Na minha visão, esta atitude de profundo escárnio com as leis do país e com o seu povo, deve ser a certeza da impunidade que leva esses senhores se acharem no direito de continuarem participando do processo político nos limites de sua administração, e tentando influenciar as decisões do partido a que o Sr. pertence e as ações políticas do seu desgoverno, conforme denunciado na mídia.

Não adianta o Sr. dizer que não ouviu nem sabia de nada, pois seu cargo o obriga a não permitir que fatos como os denunciados aconteçam no poder público subordinado à sua liderança, em que o chefe da organização criminosa que foi denunciado pelo Ministério Público, sempre se encontrava próximo à sua sala e freqüentemente qualificado pela mídia como sendo considerado o seu "Primeiro Ministro" todo-poderoso.

Talvez algumas pessoas do poder público nos qualifiquem como imbecis, mas garanto ao Sr. que não tenho este perfil, nem sou um cidadão covarde que presencia o futuro social e econômico do meu país ser destruído sem tomar nenhuma atitude. Por isso estou lhe escrevendo esta carta como já escrevi muitos artigos de protesto criticando a sua administração, assim como a apatia de uma estúpida sociedade que está aceitando passivamente a relativização da moralidade e da ética no poder público, conforme os interesses de corruptos e traidores do país.

Se as instituições públicas não estivessem contaminadas por um torpe corporativismo que compromete a independência dos poderes da República e a correta aplicação dos nossos códigos legais pela Justiça, todos os acusados já deveriam ter sido declarados inelegíveis até que seus processos fossem julgados, para o bem do nosso país.

É do meu entendimento que o Sr. deveria ser o primeiro a lutar publicamente para que essa organização criminosa denunciada pelo Ministério Público fosse severamente punida, e não repetir que "todos são inocentes até que se prove em contrário", posição essa que o Sr. nunca adotou enquanto era oposição aos governos que lhe antecederam, e simplesmente desqualificava a todos os seus inimigos políticos com um duríssimo julgamento de valor, caráter político que se mostra inexistente para definir as atitudes daqueles que participam ou já participaram do seu desgoverno e estão sendo investigados por crimes contra o povo e contra o Estado.

Não vou escrever sobre a falácia de suas políticas sociais e econômicas, pois os jornais espelham todos os dias as meias verdades, as mentiras e as contradições daqueles que divulgam suas ações de governo, e não quero tomar muito o seu tempo com a leitura das angústias de um cidadão que lhe defendeu asperamente antes do Sr. ser eleito presidente, em artigos, perante minha comunidade, meus amigos próximos e minha própria família. Em certa época já lhe admirei como ser humano, sindicalista e político, mas hoje não poderia lhe dirigir adjetivos que não fossem duros e fortemente pejorativos para qualificá-lo nas mesmas dimensões.

Na proximidade de mais uma eleição, desejo lhe dizer que a história do nosso país está se degenerando enquanto o Sr. e os militantes do seu partido estiverem ocupando as salas do poder público.

Assim como o Sr. pediu - em um momento de sua luta política como candidato a presidente - uma punição a Deus caso repetisse o desgoverno FHC, da mesma forma, suplico a Deus, que imponha ao seu próprio desgoverno uma derrota nas próximas eleições, como o justo resultado do seu descumprimento de seus compromissos de campanha, e pelo fato do Sr. não estar lutando como deveria para que o nosso país não seja cada vez mais rotulado no mundo civilizado como uma sociedade imoral, aética, corporativista e corrupta, em especial homenagem aos poderes públicos que teimam em nos fazer de palhaços das ambições políticas e materiais dos que transitam nos corredores do submundo da política suja e prostituída.

Atenciosamente,

Geraldo Almendra
Petrópolis, RJ

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