Começa a ter destaque em São Paulo o que se convencionou chamar de “condomínio assistido”, ou seja, um prédio ou casarão adaptado para receber idosos de classe média alta. Esses condomínios têm como característica a atenção especial para as limitações dos que estão ou vão chegando à terceira idade. As tomadas e interruptores de energia são dispostos à altura da cintura de uma pessoa adulta, as portas são mais largas para permitir a circulação de cadeiras de rodas, os pisos são antiderrapantes, os banheiros têm barras de apoio, há espaços para salas de convivência com jogos, existe enfermagem e há restaurante com cardápios especiais. Esses “condomínios assistidos” são comuns nos países do Primeiro Mundo, com a diferença básica em sua maioria é de responsabilidade do Estado. As pessoas inscrevem-se, obtêm vagas e organismos sociais fazem o controle de suas ações. No Brasil, embora exista a Lei federal 8.842, de 1994, que se compromete a dar autonomia, integração e participação do idoso como instrumento de cidadania, nada de prático e objetivo foi feito. Agora, cogita-se da criação do Estatuto do Idoso, como se a lei já não existisse. O necessário é fazer que as pessoas idosas sejam mais respeitadas e assistidas, pois com o crescente aumento da população de terceira idade, que está perto dos 15 milhões, ainda não há uma política efetiva de governo com suporte aos que se aposentaram, seus filhos ganharam o mundo, um dos cônjuges desapareceu e só resta a opção do isolamento. O problema, voltando aos tais condomínios assistidos, é que a classe média alta – ou rica – é inexpressiva no Brasil. Mesmo em São Paulo, só há referências a poucas instituições particulares, menos de dez, considerando o universo dos habitantes da cidade. Não abrigam mais que 1.000 pessoas. Mera ilusão. Por outro lado, este ano tem eleição. De deputado estadual à Presidente da República. Seria bom que os candidatos, atentos aos planos de crescimento do país, não deixassem de observar também o detalhe de que parcela significativa do eleitorado tem mais de 60 anos, correspondendo a quase 9% da população total e pode eleger representantes específicos ou influir em resultados. É claro que devemos nos alegrar com a auto-suficiência da Petrobras, mas é preciso que o Sistema Unificado de Saúde tenha políticas públicas objetivas para os que já deram sua contribuição à sociedade e ainda são responsáveis financeiramente por cerca de 10 milhões de pessoas, pois 62,4% dos idosos sacrificam suas minguadas rendas com a manutenção de filhos e netos. Não basta uma vacinação anual, que objetiva mais diminuir custos de internação do que proteger idosos. A assistência ao idoso é algo mais complexo e sério, para servir apenas de mote demagógico. É preciso, igualmente, verificar que os planos e seguros de saúde estão limitando atendimentos e exames aos idosos, aqueles que fogem do descaso do SUS, mas estão sendo atropelados pela incapacidade de efetuar pagamento dos planos e dos remédios.
|