Se alguém ainda tem dúvidas sobre a prosperidade italiana, deve vir a Turim. Para começar, nesta cidade nasceu a indústria automobilística do país - aqui é a sede da Fiat, cujo fundador, o lendário Giovanni Agnelli, legou uma fantástica coleção de obras de arte à pinacoteca que leva seu nome e que, diferente de outras pinacotecas, funciona num enorme shopping. Turim está sediando a Feira do Livro, que este ano homenageia o Brasil. É um evento espetacular, enormes pavilhões com centenas de estandes e uma programação cultural fantástica. Verissimo, Lya Luft e eu participamos de vários encontros e é muito bom ver que as pessoas estão interessadas no Brasil. Afinal, temos com a Itália laços históricos, que esses encontros renovam. Deu trabalho chegar aqui. Vôos, de maneira geral, ficaram complicados e tudo que pode acontecer de errado acontece. Vim de São Paulo via Munique, e o tempo para conexão era muito curto. Aconteceu então algo surrealista. Ficamos presos no finger, aquele túnel que leva do avião para o aeroporto - a porta simplesmente não abria. Do outro lado estava uma funcionária da Lufthansa, mas não conseguíamos falar com ela, porque a porta, aparentemente, era à prova de som. Quando finalmente fomos liberados, a conexão tinha partido. Como diz um amigo meu, dono de uma agência de viagens: turista sofre. Mas isto é o de menos quando se chega a uma cidade bonita, bem-cuidada, e com uma história riquíssima. Turim é a metade de Porto Alegre, mas o que tem de museus e prédios históricos é uma fábula (o Museu Egípcio só perde para o do Cairo). Por outro lado, a Itália vive um momento histórico importante, uma transição de um governo francamente direitista para outro representado pela esquerda moderada. Não faltam, como no Brasil, acusações de corrupção, inclusive contra juízes de futebol. Já vimos este filme. Enfim, valeu a pena. Fomos muito bem recebidos, e a Biblioteca Nacional, que ajudou a organizar a delegação brasileira, trabalhou muito bem. Ou seja, nem só de pizza vivemos, de cultura também.
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