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Opinião
16/05/2006 - 07h10
Hoje, não dá para falar de economia
Eleno Mendonça
 

Não há outra manchete nem assunto possível. A onda de violência que começou em São Paulo abate a todos. Eu poderia escrever sobre o risco de inflação com a alta do petróleo, sobre a situação Bolívia-Brasil, mas tudo parece pequeno demais, pouco importante diante do fato de que estamos vivendo uma espécie de guerra, com bandidos por todos os lados matando gente inocente, matando sem motivo, queimando ônibus, invadindo bancos. Quando mães, viúvas e filhos choram seus mortos, não há como escrever sobre outro assunto.

A sociedade está estarrecida com tudo isso. Já tinha assistido ao enfrentamento a policiais em serviço. É repugnante e inexplicável, mas o ataque a pessoas inocentes, fora de serviço, a bombeiros, guardas municipais, florestais, atinge o ápice da bestialidade, da falta absoluta de senso. Antes os bandidos, ainda que bandidos, tinham um código de ética. Era coisa deles, mas era uma barreira. Não atacavam crianças, mulheres, velhos. Não atacavam polícia. Parece que tudo foi subvertido.

A sensação é a de que o gradualismo do crime foi subindo aos poucos, as autoridades foram deixando o crime avançar, seja pela falta de políticas sociais, seja por falta de emprego, de mais escola ou ainda pela gratuidade da violência. Não importa o motivo, fica a impressão de que se chegou ao ápice, ao cume de uma situação que apenas se adiava com o tempo.

Não há quem não se consterne nem se solidarize. Lula pregou mais escola, Alckmin maior rigor na segurança, os demais candidatos à presidência, Freire, Heloisa Helena, Cristovam, lembraram não se tratar de um problema de um Estado, mas do país todo. Não cabe escolher culpados, mas cabe de tudo um pouco. Todas as mudanças que se puder fazer nas leis devem ser feitas e rapidamente; todo o rigor para conter a violência e essa onda deve ser aplicado; toda a atenção com as gerações futuras, com escola, com saúde, deve virar prioridade.

O toque de silêncio certamente foi o que mais se ouviu no fim de semana. Matamos mais gente do que a guerra do Iraque, viramos manchete no mundo todo. Para não dizer que a coluna Economês não falou de economia, tudo isso afeta sim todos os segmentos, o que inclui a economia. Mexe com intenções de investimento, com o ir e vir de executivos. Afinal, quem quer se instalar e aplicar num lugar onde o índice de seqüestros, assaltos, assassinatos e tão alto?

A análise fria dos números, contudo, dos prejuízos que se possam ter, deve ser posta de lado, pelo menos por enquanto. Quando se vê a vida indo embora, quando se vê as pessoas trancadas em casa com medo, quando se une uma população na indignação, tudo isso perde seu valor. Fica a esperança de que todo o rigor se volte contra o crime, que se acabe de vez com o uso de celulares, com os corruptos que atuam nos cárceres e permitem a comunicação de chefes do crime, que o País olhe um pouco mais por suas crianças.

Outro dia ouvi de um taxista, diante da imagem de uma pessoa buscando latinhas pelo meio fio, uma imagem que nos acostumamos em várias cidades, a frase: "Como é possível se viver assim num País como o nosso? Se jogarmos um caroço de laranja no chão nasce uma laranjeira". A esperança está nisso, na potencialidade do Brasil, nas suas riquezas, na capacidade de seu povo em improvisar e trabalhar. Nossos políticos deveriam olhar para tudo isso e, ainda que por uma desgraça como essa, tentarem um caminho comum. Os cidadãos agradeceriam, mesmo achando que não era preciso chegar a esse estado de coisas.


Nota do Editor: Eleno Mendonça também assina uma coluna no site MegaBrasil e é diretor de Comunicação da DPZ. Ele passou pelo Estado de S. Paulo, onde ocupou cargos como o de chefe de Reportagem e editor da Economia, secretário de Redação, editor-executivo e editor-chefe, Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.

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