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Opinião
21/05/2006 - 09h11
O caos anunciado
Paulo Saab
 

Não há motivos para surpresas maiores em relação a tudo que aconteceu e vem acontecendo em São Paulo e em outros estados da federação nos últimos dias. Certamente é algo que revolta, comove, provoca indignação pela covardia das ações criminosas, mas o crime sempre é covarde.

As autoridades públicas de nosso país, a sociedade em geral e, mesmo, a mídia, deveriam saber que esse tipo de violência explodiria como conseqüência natural da ordem das coisas, no que diz respeito ao comportamento das próprias autoridades, da legislação retrógrada e da impunidade vigente.

Há tempos o caos vem sendo anunciado. Seja na forma como a classe dirigente do país e os políticos tratam a coisa pública, seja na legislação ultrapassada sempre interpretada pela Justiça de forma a favorecer os infratores, ou seja na omissão já injustificada da maioria da população brasileira de acomodar-se sem mostrar sua indignação, sua insatisfação com a situação vigente.

A omissão da sociedade, pela ignorância de como funciona o país, pela ausência de lideranças comprometidas de fato e de direito com os anseios legítimos dos cidadãos e cidadãs pagadores de impostos e cumpridores da lei, entre outros fatores, permitiu aos dirigentes públicos e aos políticos se apoderarem dos instrumentos públicos para usufruto pessoal, de grupos e até de quadrilhas. A gestão dos mecanismos do Estado ficaram relegadas a segundo plano.

Enquanto nos palácios e parlamentos de todo o País se discutem questões de interesse corporativo e se buscam modos de desvio dos recursos públicos, enquanto nas cortes e tribunais se aplicam penas que estimulam os bandidos e deixam criminosos em liberdade, os marginais floresceram, enraizaram, colhendo seus braços no seio da miséria, da pobreza, e criaram na certeza da impunidade e da ausência de instrumentos do poder público para combatê-los (quando não é aliado e/ou fomentador) uma formidável rede de comunicação interligada pela tecnologia dos celulares, no estabelecimento de um estado paralelo. O da bandidagem, da república do "nóis vai, nóis faiz".

A situação só tende a piorar.

Quando explodem picos de ataque à autoridade e à sociedade como esses dias ocorre, a autoridade que vem a público, por exemplo, em nome da presidência da República, no domingo, foi o senador Renan Calheiros. Sem comentários. Na presidência da Câmara, o deputado Aldo Rebelo. Sem comentários. No nível estadual a questão é recorrente. Misturam-se anos e anos de ausência de política educativa/corretiva, de combate ao crime através do uso inteligente da tecnologia e a necessidade demagógica de resultados rápidos de reconhecimento da população em outras áreas. O governante que ocupa o Palácio dos Bandeirantes acaba refém de uma política que ele é incapaz de reverter e de uma polícia vítima das mesmas circunstâncias da sociedade, que se encolhe, intimida e muitas vezes se torna sócia do crime.

O Brasil só reverterá essa tendência de piora, de caos anunciado, quando houver lideranças sérias, quando investimentos maciços forem feitos na educação de base da população, quando os recursos públicos trilionários forem usados de maneira honesta e adequada, quando a população tomar as ruas, que lhes pertence, para mostrar inclusive aos bandidos, que não aceita ser vítima, refém, de abusos que matam seus inocentes.

A questão é saber se os criminosos e os maus políticos vão dominar tudo antes de a sociedade conseguir reverter o quadro, que é de médio e longo prazo. Escrevi, quase como premonição, semana passada, que o Brasil estava dominado. Referia-me a outra situação, mas constato que a dominação é total. O Haiti, Bagdá, são aqui.

Em outubro teremos eleições quase gerais. Que oportunidade para uma primeira faxina geral. Pena que ninguém esteja aí para discutir e buscar soluções para questões estruturais. Deixa o caos chegar e salve-se quem puder.


Nota do Editor: Paulo Saab é colunista da seção Iscas Política do site www.lucianopires.com.br. Formado em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, da USP, com especialização em Direito Político, Administrativo e Financeiro. É jornalista profissional tendo cursado a atual UNIP - Universidade Paulista. Professor de Ciência Política da FAAP. Professor de Marketing Aplicado ao Município, Política e Cidadania, no curso de Pós-Graduação da FAAP. Possui cursos de especialização em Marketing e Administração de Agências de Propaganda. Ex-Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo. É colunista político do Diário do Comércio, onde publica diariamente, há 21 anos, a coluna PS, na página dois. É presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Cidadania (Instituto da Cidadania).

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