Estou no Chile, em curta viagem, tendo chegado hoje cedo e por isso só há pouco pude acessar os jornais do Brasil. Li com profundo desgosto as declarações do governador Cláudio Lembo, em entrevista à Folha de São Paulo, atribuindo a uma suposta “elite branca” a causa dos males do Brasil. Nas suas palavras: “Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa”. Isso posto na boca de um marxista convicto estaria adequado, mas na do governador, que representa o Partido da Frente Liberal – PFL, é de espantar até surdo. O governador toma o mundo pelo seu pequeno círculo social e deve carregar um complexo de culpa inculcado pela pregação gramsciana das últimas décadas. É preciso que se diga firmemente que suas declarações são descabidas e não expressam a realidade política nacional. Cláudio Lembo é o emblema das nossas elites econômicas assim como políticas, que repetem estupidificadas, qual papagaios, frases feitas pelos fabricantes de mentiras sociológicas. Atribuir a existência da pobreza à riqueza é mendaz; associar o crime com a questão racial é estúpido; esquecer que o levante do PCC em São Paulo é obra de outra elite, essa muito cônscia de si, é sinal de despreparo intelectual grave, é desconhecer a própria origem do que se dá na cidade, traumatizando a população. Todos sabem que há uma conexão estreita entre o crime organizado, as forças terroristas que operam no Continente Sul-americano e as esquerdas continentais, agrupadas no Foro de São Paulo, organização liderada por Lula durante muitos anos e que tem agora como líder de fato o ditador da Venezuela, Hugo Chávez. Não é possível desconectar os acontecimentos dos últimos dias das graves denúncias da revista Veja sobre as contas dos maiorais da Nação em bancos do exterior, não declaradas. Essa sim, é a elite dominante, que é multirracial. Como aliás tudo no Brasil é multirracial. O governador mostrou-se alguém absolutamente despreparado para o enfrentamento que está acontecendo entre o crime – que é organizado e é controlado politicamente – e as forças da lei, que tem na sua pessoa o representante máximo. Agora vejo que a dura reação das polícias, que multiplicou o número de mortos em confronto, deu-se à sua revelia. As corporações policiais tiveram que agir em defesa das próprias vidas e o fizeram órfãs de comando. Fizeram o que precisava ser feito a despeito do governador. Isso impediu um caos ainda maior. Sua entrevista à Folha foi muito reveladora. O seguinte trecho é lapidar: “O Brasil é o país do duplo pensar. Conhecemos a inquisição de 1500 até 1821. Então você tinha um comportamento na rua e um comportamento interior, na sua casa. Isso é o que está na sociedade hoje. Essas pessoas estão falando apenas para o público externo. É um país que é dúbio”. Ele tem razão, mas por outros motivos. Quem tem duplo pensar é a elite representada por ele mesmo, que não compreende sua própria gente e nem a dinâmica política que se desenrola debaixo do seu nariz. O que a Inquisição tem a ver com isso? Nada. Lembo é um idiota posto no lugar errado na hora errada. Não tem a estatura necessária para a tarefa que o espera nos próximos meses. Desculpou-se antecipadamente da possível acusação de ser membro do Opus Dei, como se isso fosse algum crime. Nem precisava. Com essa traição ostensiva à Igreja Católica ao associar os malefícios de hoje ao seu passado desconfio que nem mais católico seja, talvez nem mesmo cristão. Idiotas não são nada. Pior mesmo é que nem se deu conta da gravidade de suas próprias declarações, chavões que se ouve no meio da nossa classe dirigente. O resumo da ópera é o seguinte: as esquerdas aparelharam as quadrilhas organizadas e as manejam para seus fins. Lula e o PT fazem o jogo continental do Foro de São Paulo, equivalente a dizer que fazem o jogo de Hugo Chávez e de Fidel Castro. Todos eles objetivam o ressurgimento do comunismo nos moldes soviéticos por essas bandas. Esse processo está em marcha e se aproxima de sua fase aguda, com a proximidade das eleições presidenciais. Lula perder me assusta mais do que Lula ganhar a reeleição. Os acontecimentos serão precipitados e fatos como o da Segunda-Feira Negra, o 15 de maio, serão café pequeno diante do que pode acontecer. O País está a caminhar para uma guerra civil. Aí vem um demente despreparado dizer que a culpa é das elites brancas! Nem Evo Morales e seu primitivismo indigenista seria capaz de produzir sentença tão simplória. Com liberais assim, quem é que precisa de comunistas? “Está tudo dominado”, diria o sábio Beira-Mar, o filósofo da rebelião dos criminosos. Que Deus se apiede de todos nós. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.
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