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Crônicas
24/05/2006 - 13h07
Entendendo o Brasil
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Quando voltei de minha primeira viagem aos Estados Unidos, por conta de uma bolsa de estudos, fui perguntado por um repórter: do que gostou mais? Respondi, voltar para o Brasil.

Soube que a entidade patrocinadora não ficou feliz. Paciência. Era e é o que penso. Gosto muito deste país tão louco, sem pé nem cabeça, em que nós agradecemos a um sargentão, adequadamente chamado de Felipão, por ter lavado a nossa honra e tudo com os pés. Era o maior herói nacional e no primeiro jogo após o penta perdeu para o Paraguai. Levou vaia.

Conheço quase tudo neste país. Já viajei por terra, mar, rio e ar. Converso com miseráveis, pobres, remediados e ricos. Este é o melhor país do mundo. Já andei por muitos lugares em vários continentes, mas não há nada que se assemelhe a esta terra. Ela é tão singular que tem dois descobridores: Pinzón e Cabral. Duas datas de descobrimento, uma independência onde não houve morte e uma república proclamada enquanto se pedia a volta do Imperador. Mais de 40 anos após a transferência da capital para Brasília, os congressistas ainda têm direito, todos os meses, a passagens aéreas para o Rio de Janeiro, a antiga capital.

Os ecologistas, após mais de 500 anos, resolveram dizer que havia 5 milhões de índios à época da descoberta. Quem contou? Este país é tão louco que o candidato à Presidência do partido da oposição não grita, não radicaliza, não insufla. O presidente, antes um radical, é candidato à reeleição, ostenta ternos de costureiros internacionais, pode ter, novamente, um candidato a vice que é um megaempresário, e fala hoje como um monge franciscano ou um treinador de neurolinguística. Outro candidato se diz representante de Vargas e Juscelino e sequer havia começado a ler quando ambos faziam política. É pastor evangélico e o seu partido não quer lhe dar legenda. Faz greve de fome quando precisa de regime.

Cada candidato diz que os outros estão mentindo e que só ele fala a verdade. As emissoras de televisão, revistas e jornais dizem-se isentos, mas até um cego pode ver e um surdo ouvir por quem estão torcendo. E tudo com uma sinceridade que dá para rir.

É tudo tão insano. Bandidos fecham São Paulo, disparam em sinal de luto por colegas assassinados e policiais encontram celulares, diariamente, nos presídios, embora todos sejam revistados ao entrar. Não dá para entender nada e não há cientista político que possa fazer um juízo profundo sobre os nossos valores. Rio quando ouço sociólogos e antropólogos procurando justificar o nosso status quo. Mas este é o país em que vivemos, amamos e pelo qual, patrioticamente, iremos às urnas em outubro acreditando que vamos salvá-lo. A velhinha de Taubaté não morreu.

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