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Opinião
24/05/2006 - 18h00
Quem terá competência?
Corsino Aliste Mezquita
 

Madeleine Albright, Secretária de Estado do Governo Clinton, admitiu não estar preparada para administrar a nova realidade apresentada por um mundo dominado por fanatismos religiosos e fundamentalismos.

Se alguém erguido na cúpula da diplomacia mundial e autora do desenvolvimento de processos relevantes, de paz e harmonia entre os povos, admite dificuldades para lidar com fundamentalismos, sectarismos e fanatismos, por considerá-los semeadores do atraso e de perturbações sociais, que poderemos pensar e esperar daqueles que, sem a cultura, o espírito plural e o conhecimento da Senhora Secretária de Estado, querem administrar países, estados e municípios, com base em frases e conceitos tirados da Bíblia, do Al-Corão ou das doutrinas de Buda ou Confúcio? Frases e conceitos escritos para outras sociedades, outros tempos e ambientes geográficos? Um exemplo pode ser citado: “A procura da terra prometida”. Que terra será essa?. Quem a prometeu?

Na trilha dessas idéias é preocupante a frase de Mahmoud Ahmedinejad, presidente do Irã a George W. Bush, presidente dos EUA:

“Nós acreditamos que um retorno aos ensinamentos dos divinos profetas é o único caminho que leva à salvação”.

Quais os profetas que estariam na mente dos redatores dessa carta? Que tipo de salvação imaginaram? A salvação que promete céus para uns poucos e infernos para os que não comungam com suas idéias? Céus e infernos aqui, na Terra, ou na vida futura?

Entre religião (Igreja, quaisquer que seja) e política (Estado) há uma contradição intrínseca. A religião orienta (ou deve orientar) o ser humano para o transcendente, para o relacionamento com o sobrenatural, para conquistar a felicidade após a morte. Envolvida pelo material, pela ambição do dinheiro e do poder, e pelos prazeres desvia-se de suas finalidades.

Já a política é responsável pela vida econômica, social, saúde, educação, trabalho, transporte, habitação e por suprir todas as necessidades materiais, intelectuais, físicas e psicológicas do ser humano, socialmente organizado. Quando uma domina a outra surge o conflito e o caos.

Observa-se, neste momento histórico, fanatismos religiosos, com características mafiosas, dificultando administrações públicas, com eles envolvidas, por se encontrarem, os ocupantes do poder, despreparadas, intelectual e sociologicamente, para lidar com pastores, apóstolos, profetas, aiatolás e franquias. Esses líderes estão preocupados com, dízimos, casa de luxo para eles morarem, carros importados, fazendas, apartamentos, ações em fábricas, canais de TV, emissoras de rádio, contas em paraísos fiscais etc. A salvação das almas é disfarce necessário. Dominados por fanatismos, esquecem, os agentes políticos, o dispositivo constitucional que, sabiamente, exige a separação entre Igreja e Estado e que, no seu Artigo 19 determina:

“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.

O desrespeito, aos princípios constitucionais, gera conflitos sociais, injustiças, arbitrariedades e perda de respeito para com os ocupantes do poder. Infelizmente, nossa sociedade não lhes cobra esse respeito, se comporta, ante os abusos, como alienada e aceita, seus insultos, “bovinamente mansa”. A fotografia publicada, pela Folha de São Paulo, do Presidente Lula reunido com a chamada “Bancada Evangélica” é prova cabal dessa alienação e tolerância da sociedade brasileira com os abusos dos homens no Poder. (Folha A 10 de 23 de maio de 2006).

Extraordinário observar que algumas dessas supostas igrejas, modernas ou “modernosas”, apresentam-se como evangélicas ou cristãs e não se dão ao luxo, nem aparentemente, de respeitar os princípios fundamentais do “Cristianismo” que, ditados a Moisés, no Monte Sinai, foram por Cristo simplificados: “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Se entrarmos no detalhamento perceberemos que: NÃO FURTARÁS, não existe para eles. Como explicar as malas de dinheiro, os helicópteros, os compromissos de campanha, os escândalos atribuídos ao Bispo Rodrigues e de tantos outros de menor peso, volume e divulgação? Nem por isso, menos perniciosos e desmoralizadores da Religião e da Política.

NÃO LEVANTARÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA TEU PRÓXIMO. Esse preceito não faz parte do código, desses autodenominados evangélicos.

Madeleine Albright tinha razão. É difícil administrar fundamentalismos religiosos misturados com política quando, os integrantes da religião não respeitam os princípios básicos de seu suposto credo e usam, a religião, para conseguir cargos, mordomias, privilégios e, até, para perseguir aqueles que tem cargos efetivos e não comungam com suas idéias; e, os agentes políticos, não cumprem a Constituição do País e não observam a moral e a ética.

Ocorrendo semelhanças, do que acima relatamos, com o que se passa em Ubatuba, será mera coincidência. Caso fenômenos semelhantes estejam ocorrendo seria oportuno um grito de alerta: ACORDA UBATUBA! Evidentemente ótimo seria, para todos nós, dominassem, em Ubatuba, as idéias de Madeleine Albright e todos respeitássemos o pluralismo político, religioso, de origem, de idéias da nossa sociedade local e, esta, fosse mais cidadã, na defesa de seus direitos.


Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.

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