Qualquer movimento das empresas será objeto de processo comunicativo
A implantação, a expansão, e mesmo as alterações em uma empresa já existente em determinado local criam necessariamente impactos na comunidade. Esses impactos, positivos ou negativos, podem envolver oportunidades de trabalho ou emprego, mudanças na logística, alterações na receita do município, em questões ambientais, no modo de vida da comunidade e em outros aspectos. Quanto maior o investimento e o porte da empresa, maiores esses impactos, seja qual for o tamanho do município. Assim, qualquer movimento significativo das empresas deve ser objeto de um processo de comunicação transparente, claro e ético com todos aqueles que possam ser afetados. Além disso, ao se implantar num município, a empresa passa a ser parte da comunidade e deve assumir sua cidadania empresarial, participando de forma ativa do desenvolvimento local e das discussões sobre os problemas, as soluções e o futuro da região, sem descuidar da cultura regional. Esse é o objetivo dos PARCs - Planos Ativos de Relações com a Comunidade, desenvolvidos pelas empresas conscientes de seu papel na sociedade. Um PARC deve abranger desde a definição de objetivos e responsabilidades até os meios necessários para uma adequada integração na comunidade, e para superação das barreiras e dificuldades naturais no relacionamento com grupos de interesses muito diversificados, e mesmo conflitantes. O processo de preparação de um PARC começa pela identificação das expectativas dos diversos segmentos da comunidade em relação aos planos da empresa, sejam eles de abertura ou fechamento de unidades, expansão ou redução, alterações etc. Esse levantamento de expectativas pode ser feito de modo formal, por intermédio de uma Auditoria de Opinião, ou de modo informal nos casos menos complexos, ouvindo um número restrito de pessoas, particularmente lideranças regionais. Uma vez identificadas as expectativas é possível elaborar um pré-plano de relacionamento e apresentar à comunidade - por meio de contatos, entrevistas à imprensa e outras formas - os objetivos empresariais, e o que eles podem significar para o local, quais seus impactos positivos, quais as possibilidades de problemas e o que está sendo feito para controlar suas eventuais conseqüências. Cumprida essa etapa é hora de consolidar as idéias e projetos iniciais com a visão da comunidade, e estabelecer o PARC - Plano Ativo de Relacionamento com a Comunidade. Este deve indicar as ações previstas no relacionamento com os diversos grupos da sociedade, bem como os projetos de responsabilidade social que a empresa planeja desenvolver, apoiando atividades nas áreas de educação, cultura, preservação ambiental e outras, e quem será responsável tanto pelo relacionamento como pelos projetos. Dessa forma pode ser desenvolvida uma relação ética e aberta, que priorize determinadas ações e permita explicar com clareza o que vai ser feito e o que não dá para fazer. É muito importante este último aspecto, uma vez que um país de tantas carências como o nosso, em que os abundantes recursos transferidos para os governos (mais de 37% da renda nacional) são mal usados, a tendência da comunidade é esperar que as empresas supram todas as deficiências da ação pública. Cidadania empresarial e boas relações com a comunidade não são sinônimo de paternalismo ou doação - embora o PARC deva prever este aspecto - mas de um comportamento ético, um relacionamento correto, e participação ativa na comunidade. Nota do Editor: Paulo Roberto Damião, profissional de relações públicas, é diretor da CL-A Comunicações. Mario Ernesto Humberg, consultor e conferencista, é presidente da CL-A Comunicações, Coordenador do PNBE - Pensamento Nacional das Bases Empresariais, e autor do livro "Ética na Política e na Empresa".
Fonte: Pauta Social.
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