O entendimento sobre a mídia regional no Brasil é complexo. A sua origem é diferente em relação a muitos países. Uma análise sobre o assunto foi publicada recentemente em um livro intitulado "Televisão regional: globalização e cidadania", organizado pelo jornalista e professor da Unitau, Cidoval Morais de Souza. A definição do termo regional contrapõe-se a globalização. Isso não significa que a palavra esteja vinculada a algo que segue na contramão dos acontecimentos. Pelo contrário, ela se fundamenta nos movimentos regionais e justifica a sua existência a partir da internacionalização das estruturas econômicas. Um olhar atento na mídia regional brasileira, notadamente à televisão, verifica-se a existência de um agente forte na construção do desenvolvimento econômico e social e na preservação e propagação de referências culturais. Atualmente, a brecha para a expansão da mídia regional está relacionada, em parte, ao desgaste do produto massificado oferecido pela própria mídia. Embora esteja longe de não mais exercer reações e condutas sociais - e, provavelmente, isso nunca acontecerá -, o fato é que o crescimento da internet e, em certa medida, da televisão à cabo (apenas para citar as influências do próprio meio) estão fazendo com que se estabeleça no País novas possibilidades em contraposição ao massivo. Neste contexto, se fortalece a realização de práticas mais voltadas ao interesses das comunidades regionais e locais. É óbvio que não se pode ter uma visão um tanto devaneadora da questão. A televisão, por exemplo, é um instrumento de comunicação, em sua essência e desde sua criação, muito ligado ao emocional e subjetivo (e, por conta disso, amplamente utilizada para interesses diversos), o que a torna uma síntese do "anti-exato". E isso a faz se afastar, muitas vezes, do concreto e do real que se exige para se estabelecer uma relação consciente com o público. Fala-se hoje num novo profissional de comunicação, que atuaria também como educador, a partir de uma interação escola e meio de comunicação na discussão de temas factuais. Ou também o jornalismo comprometido com a cidadania, este envolvendo diversos grupos sociais na definição de assuntos a serem fruto de matéria ou reportagem nos meios de comunicação. Ambas práticas tornam-se flagrantemente possíveis através da mídia regional, capazes de fazer com eficiência essa interação permanente e dedicada com a comunidade. Por fim, a mídia regional é capaz de estabelecer relações prósperas com a comunidade que está inserida - há, inclusive, bons (embora poucos) exemplos disso no País. O livro citado no começo do texto, que permitiu esta rápida reflexão do assunto, pensa maduramente na questão, oferecendo possibilidades num campo ainda escasso de estudo e análise. Nota do Editor: Augusto Diniz, jornalista, é pós-graduado em Jornalismo Científico pela Universidade Taubaté (Unitau).
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