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COLUNISTA
Homero Ottoni
08/06/2006 - 15h04
Código Da Vinci
 
 

A narrativa dos anos da vida pública de Jesus Cristo resulta na mais bela das histórias da humanidade.

Desenvolve-se num período que, embora curto no aspecto temporal, é profícuo e inesgotável no que tange a exemplos de vida e ensinamentos jamais produzidos por outros movimentos sociais.

Pena que, durante esses dois mil e seis anos, tenhamos tido os primeiros mil “monitorados” pela Igreja incipiente, preocupada com a fabricação da tradição necessária ao domínio político da nova doutrina.

O período ficou conhecido como o milênio da escuridão, ou Idade Média.

Os mistérios foram criados e explorados para manutenção da massa ignara e do poder temporal dos homens, submetidos ao poder espiritual da Fé Cristã.

Ai nasceu a classificação de Maria Madalena como prostituta!

A manipulação política de fatos históricos durante esse período oculto e desconhecido, gerou os dogmas que fixam as regras imutáveis que governam as instituições cristãs.

Mesmo assim, embora alterada pelos interesses políticos e institucionais, a história da vida de Cristo ainda consegue ser a mais bela de todas.

Nesse período foram criados os pecados, todos residentes no excesso de uso de anseios naturais como a fome, o sexo, a segurança material, e outros mais cujos impulsos derivavam, e derivam, de instintos e que, por isso, volta e meia eram, e são, violados.

A violação pecaminosa poderia, e pode, ser perdoada, ou atenuada, pelos representantes da Igreja que se auto atribuem a representação de Deus na Terra, com poderes para absolvição diante da confissão franca das infrações cometidas.

Felipe II, de Espanha, com 16 coroas na cabeça, o soberano mais poderoso da mundo, tinha uma janela despejada para a capela interna do Palácio Escorial, para que não perdesse os serviços religiosos, mesmo quando doente.

Não será difícil imaginar o poder de seu padre confessor.

Os guias turísticos de Israel, habilitados segundo sua reconhecida capacidade e cultura histórica, quando descrevem eventos e locais sagrados, usam a cautelar expressão: “segundo a tradição”, cuidando de evitar qualificativos inerentes à veracidade do fato.

É que o tempo decorrido e a perda, involuntária, ou não, de documentos e monumentos, impedem conceituação mais incisiva de tais ocorrências com relação à sua comprovação.

De tais circunstâncias deriva o fato permanecerem em estado de confusa simbiose, a realidade e a ficção quanto às notícias transportadas por esse largo período de séculos.

A diferenciar a valoração dos relatos está a Fé, entidade abstrata e de assimilação eminentemente personalíssima, cuja ocorrência já preocupou os estudiosos da mente, como o próprio Freud.

O frenesi de agora reside na ficção conhecida por “Código Da Vinci”, versões literária e cinematográfica, que ganha foros de fenômeno mundial, cujo sucesso financeiro é promovido, inclusive e principalmente, pela reação canhestra da Igreja.

Quem não tinha cultura ou necessidade de informação cultural a respeito do assunto, foi tomado pela curiosidade provocada pelo total desconforto demonstrado pelos representantes da Fé Cristã.

A ficção, confessada pelo autor da obra, passou a ganhar suspeitas de veracidade graças às desarrazoadas manifestações das lideranças cristãs, fazendo intuir que poderia haver algum fundamento na estória narrada.

Agora está difícil, se não impossível, inverter o sucesso indesejado daquilo que nasceu sem qualquer potencial ofensivo à Fé Verdadeira.

Talvez venha a gerar uma pequena e temporária queda na venda de santinhos.

Tendo lido e relido o livro, estava desinteressado pelo filme, pois, a obra cinematográfica tem o defeito eliminar as fantasias com que o livro nos permite ingressar na trama.

Os ataques frenéticos das organizações cristãs e a criação de teses tardias sobre evidências bíblicas, com o escopo de desmoralizar a ficção como tal e tentar derrotá-la como se verdade fosse, provocaram em mim a curiosidade intelectual de compreender o fenômeno.

A sensação ganhou vulto quando pelo Canal Rede Vida, patrocinado por entidades católicas, assisti a uma palestra (?), proferida por um professor de Medicina, Dr. Luiz Eugênio Garcez Leme, assessorado, na “formulação” de perguntas, por um professor e um Promotor de Justiça aposentado.

Passei, então, a ter dúvidas que jamais haviam assaltado minha mente anteriormente.

Para afastar a tese da obra que coloca as agremiações cristãs originárias como inimigas das mulheres, cuja presença seria, sempre, pecaminosa, o palestrante afirmou, várias vezes, que a Igreja sempre foi protetora e admiradora da participação da mulher na atividade pastoral.

O “Martelo das Feiticeiras”, livro escrito por dois membros da Inquisição Espanhola, por ordem papal e, portanto, reconhecido pela Igreja, não deixa dúvidas quanto ao conceito que elas “gozavam” naquela época. Seriam todas, sem exceção, bruxas cujo destino era o fogo, que a Igreja cuidava de acender com eficiência.

Não satisfeitos e dada a palavra ao Promotor de Justiça, foi solicitado, do palestrante, um maior detalhamento da cooperação entre as mulheres e a Opus Dei, integrada pelo Dr. Luiz Eugênio que enfatizou o valor da cooperação institucional das mulheres no “grau” de cozinheiras, lavadeiras, arrumadeiras e passadeiras.

Fiquemos atentos, pois, há ameaças de reexibição da matéria.


Nota do Editor: Homero Benedicto Ottoni Netto, advogado, juiz de Direito de São Paulo, aposentado e Coordenador da Comissão de Prerrogativas da 69ª Sub Secção da Ordem dos Advogados de Brasil - Atibaia.
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