Lendo um jornal local percebi em duas reportagens um saudosismo e uma interrogação, perguntando sobre os caiçaras... Escrevo para lembrar que aquela imagem do caiçara, na sua canoa, lutando pela subsistência, é rara e quase não existe mais, porém os caiçaras estão por aí: No Fotógrafo que reproduz o acervo do “Seu Agnelo”; Na Jornalista que escreve sobre a Mata Atlântica; No Artista de Ilhabela que cria esculturas de peixe em aço; No Funcionário da Prefeitura de Ubatuba que leva os turistas para ouvir o canto dos pássaros; Tudo isso é coisa de caiçara. Ser caiçara é estar em sintonia com as riquezas que o nosso Litoral oferece, a mata, a praia a vida enfim... Como disse Thiago de Melo Curci: “Quando meu pai deu a notícia da nossa mudança para o Litoral foi simplesmente assustador... Vamos pescar???... Vamos ficar entortando arame com os hippies???... Surfar????... Não sei nem nadar... Depois descobri, porém, o paraíso na terra... Hoje não trocaria esse lugar por nada... me naturalizei caiçara...” Ser caiçara é um sentimento que algumas pessoas conseguem transmitir muito bem, ele nos leva a um desprendimento que é característica marcante e nos mantém fiéis as tradições. Percebo que nesses dias tão difíceis os jovens ficam ainda mais desanimados com projetos e perspectivas, porém devemos procurar um caminho para a cultura caiçara e nos dedicar a ele, sem esperar, com isso o enriquecimento ou o reconhecimento, até porque a essência do caiçara é a simplicidade.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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