13/09/2025  08h58
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
14/06/2006 - 19h48
Lamento de um cabotino
Luiz Guerra - Agência Carta Maior
 

Essa garçonete me mata.

Durante o almoço no Princesinha da Ilha, ontem à tarde, fui muito incisivo com ela, dizendo à queima-roupa quando veio trocar a toalha de mesa: "Como vai o sortudo do seu marido?" Disse isso como se estivesse pedindo um contrafilé bem-passado, mas cobrindo "sortudo" com uma fina camada de sensualidade. (Segundo o que ouço por aí, minha voz ajuda muito nessas horas. É possível).

Como sabem, é a técnica do meu xará em "A mão e a luva", de Machado de Assis. Fazia o ginásio quando li o romance pela primeira vez, amargurado com a sorte do pobre Estêvão, mas não pude deixar de ficar para sempre impressionado com a craqueza de Luís Alves, trocando duas ou três palavras decisivas com a heroína, junto ao piano, e arrebatando-lhe o coração - um tiro de misericórdia no obsessivo romantismo do rival. Na época, torci pelo incorrigível poeta (e acho que ainda torço), mas a vida adulta ensinou-me que a técnica luís-alvina funciona bem em alguns casos.

No da garçonete quase funcionou. Enquanto estive ali, brigando com a sola de sapato que colocaram em meu prato, ela não parou de lançar-me olhares furtivos, com um sorriso lindo nos lábios, cheia de renovado encanto em suas idas e vindas no salão do restaurante. Coisa de louco: baiana, trinta e quatro anos, molejo nagô. Se já leram o meu "Ensaio geral", sabem que não resisto a um molejo nagô.

Terminado o almoço, lubrificado o ego do cronista, antes de sair rabisquei meu telefone no papel da toalha, piscando significativamente para ela enquanto batia com a esferográfica na mesa. Zuleica veio toda sestrosa (permitam-me) com a conta e o cafezinho, tirou a mesa e a toalha, que de repente virou uma bola de papel amassado, e disse o de sempre, quando almoço ali:

"Valeu, papai."

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.