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Crônicas
15/06/2006 - 12h15
O vizinho novo
Jonas S. Marcondes
 

Aqui neste bairro moram muitos aposentados, como eu. Alguns com bons rendimentos, ex-funcionários públicos, outros com receitas digamos módicas e os mais modestos, alguns até ajudados pelos filhos.

Há dois meses, mudou-se um novo aposentado, na casa da esquina, mais ou menos uns trinta metros da minha casa, na calçada de frente.

É assim; tem a casa dele na esquina, depois a casa da Dona Mafalda, depois a casa do Sr. Dirceu, depois a casa do Godofredo e a casa da Nilda.

O novo vizinho é o Seu Alceu, aposentado pelo INSS, gente boa, conversador e simpático.

No inicio, entretanto, ele costumava voltar da padaria meio tonto, falando sozinho e implicando com os cachorros, que latiam à sua passagem. Ocorre que tomava "umas a mais da conta" e vinha pelo caminho resmungando e discutindo com os cães, indignando-se com a falta de compreensão da turma canina.

Um dia parou em frente á casa da Nilda, uma moça que tem três filhos e cujo marido, o Sr. Antônio, é trabalhador da GMB de São Caetano do Sul. Começou a discussão com os dois cães, mas depois começou a protestar contra os donos dos animais "indisciplinados e desonestos!"

- Vocês não podem cuidar melhor destes pestes? Não estou mexendo com ninguém, não posso passar aqui em paz? Não é só dar ração não, tem que educar esses cachorros.

A Nilda é muito medrosa, uma vez a sua casa foi assaltada em São Caetano, por isso mudou-se para a Praia Grande. Fechou as portas e as janelas e ficou "morrendo de medo" do seu Alceu.

Eu, vendo aquilo daqui do outro lado da rua, resolvi interferir. Atravessei a rua cheguei-me próximo ao Seu Alceu e convenci-o a deixar os cães de lado, pois eles estavam presos do lado de dentro do muro e não poderiam molestá-lo de forma agressiva.

- Vá para casa, leve o seu pão, vá tomar o seu café. Não há motivo para ficar tão nervoso assim.

O Seu Alceu fitou-me e disse:

- Não vá ficar zangado comigo, é que fiquei nervoso e não gosto de cachorro.

Ficou meio afobado e acabou derrubando o saco de pães no chão. Peguei o pacote de pães do chão e lhe entreguei.

- Quer que eu o acompanhe até a sua casa? Eu moro ali ó, bem perto do senhor.

Ele olhou-me, com algumas lágrimas nos olhos, agradeceu-me pela atenção. Ele estava emocionado e envergonhado, choramingou uma certa tristeza, como se ele fosse a única pessoa nesse mundo a dar uma "mancada".

As bebedeiras do seu Alceu não duraram muito tempo. Sabem porquê?

No início morava sozinho na casa, porque sua mulher não queria morar na praia, mas ao saber, através dos filhos, dos "porres" do Alceu, imediatamente mudou-se para cá. E o seu Alceu nunca mais voltou da padaria "cercando frangos" e discutindo com os cães. Acabaram-se as carraspanas e as borracheiras.
Moral da história: "Há males que vem para bem".


Nota do Editor: Jonas S. Marcondes é jornalista.

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