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SEÇÃO
Crônicas
16/06/2006 - 16h05
Brasil e Croácia
Mariella Augusta
 

"A Pátria de chuteiras" ontem parecia mesmo a nossa Pátria de chuteiras - arrastada, perplexa, boba, descontínua, sem paradeiros, sem sonhos, sem gols. A seleção de ouro não valia nenhum níquel. Diziam eles depois: estamos sob pressão... nem sempre é possível dar o espetáculo que todos esperam... etc. Como tudo nessa vida é classe social (como às vezes me flagro marxista... 0h mon Dieu!) os jogadores de seleção não incorrem no famigerado: "a gente estamos". Eles aprendem a concordar, dentro de suas enormes casas, ou dentro de seus luxuosos carros, os verbos mais complicados - aperfeiçoar, praticar, trabalhar. São invariantes do discurso de qualquer jogador.

Mas isso é coisa mais que sabida. Qual foi a novidade? Foram muitas. Os croatas eram homens elegantes, altivos, suas faltas eram sucedidas por sinais de cordialidade. Não havia ódio em campo. Parecia até conter um pouco de temor reverencial pela nossa Pátria, mas a de chuteiras.

A bola, que tem passado pelas combinações dos polígonos de Platão que somam somente seis e não passam de vinte arranjos para preencher uma esfera, está modificada. Tem parábolas. Platão gostaria de saber disso.

O Ronaldinho que agora é o Fenômeno estava a matar de rir ou de chorar conforme o espírito de cada um, mas a despeito disso como nos ensina o Machado de Assis - as estrelas não se importam. Pobre menino... Disseram-me que o Bial entrevistou a Raica. Ou ele só está gordo mesmo. Mas se queríamos um banherista, que levássemos o Romário, que não está gordo. Pois que idade não é problema para nossa seleção. O Cafu talvez ganhe prerrogativas com o Estado italiano, por já se tratar de um senhorzinho.

E o Ronaldinho, o rei posto? Ele jogou? O humilde irmão do Assis, resolveu virar estrela ontem.

Eu que jamais seria capaz de admitir qualquer simpatia por qualquer simples referência ao São Paulo Futebol Clube tenho que admitir que o kaká, com K, parece ser o melhor jogador no momento. A que limite chegamos?

Mas há duas coisas muito incríveis que deixei para o final: primeiro, o Parreira tirou o Fenômeno... vibrem meus leitores, não é todo dia que um homem com teimosia suficiente para ter os melhores do mundo e montar um grupo impotente, faz uma mea culpa. Segundo, o Zagalo sacou de suas partes íntimas uma camisa do Brasil e foi tentar fortuna com ela, queria trocá-la com o bonitão de cabelos médios. E esperam que vocês tenham visto o bem educado croata recusou. E então podíamos ver o nosso velhinho andando pelo campo até encontrar alguém que aceitasse não só a camisa de nossa Pátria (a de chuteiras) mas também seus poderes pessoais.

Bem, o hexa está tão longe quanto a indiferença das estrelas, mas podemos rir ou chorar, a nosso gosto.


Nota do Editor: Mariella Augusta é Bacharel em Direito, mestranda da FFLCH (USP), escritora, autora de "O Fio de Cloto", livro de contos prefaciado por Bruno Fregni Basseto, grande filólogo e vencedor do Prêmio Jabuti. Publicou crônicas no "Jornal das Artes" e artigos em várias revistas acadêmicas.

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