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Opinião
18/06/2006 - 17h12
O mercador de ilusões
Romeu Tuma
 

É engraçado ouvir o presidenciável Geraldo Alckmin esbravejar contra o presidente Lula diante das câmeras de TV. Primeiro, porque não combina com a imagem de homem educado que construiu em sua carreira política. Depois, e principalmente, porque o tucano cobra ações do governo federal que ele não teve coragem de levar adiante quando governava São Paulo. Ou seja, age na base do "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço". Ao mesmo tempo em que pede investigações contra corrupção no Planalto, o ex-governador continua a comandar sua tropa de choque na tentativa de barrar as CPIs na Assembléia Legislativa. Mais do que nunca, apóia-se em conselhos de marqueteiros para salvar sua campanha e, ao mesmo tempo, enganar o eleitorado. Custe o que custar.

Apesar de todo dinheiro que possa vir a gastar, Alckmin corre o risco de passar a mesma vergonha de 2000, quando perdeu a disputa pela prefeitura de São Paulo. Naquela época, o então desconhecido médico de Pindamonhangaba tentou ganhar votos com a utilização de seu nome de batismo. Era Geraldo pra cá, Geraldo pra lá. Mas nem com o apoio do governador Mário Covas e do presidente Fernando Henrique Cardoso ele conseguiu deslanchar na corrida eleitoral. Agora, a menos de quatro meses das eleições, Alckmin (ou Geraldo, sei lá) voltou a apoiar-se no marketing para ganhar espaço com o eleitorado. Deixou o jeitão pacato de lado e começou a falar grosso. Assustou até aos amigos íntimos que costumavam freqüentar as salas do Palácio dos Bandeirantes.

Em uma de suas primeiras propagandas como candidato, o locutor chama o tucano de "o deputado do código do consumidor". Só esquece de contar ao eleitorado que foi justamente Geraldo Alckmin quem acabou com o departamento da polícia criado para combater os crimes de relação de consumo. O Decon (Departamento de Polícia do Consumidor) foi extinto depois de uma canetada do ex-governador. Mesmo assim, ele tenta passar a imagem de defensor dos consumidores. Haja incoerência e cara de pau.

O presidenciável tucano só afina a voz quando é questionado sobre as irregularidades na Nossa Caixa e os vestidos doados à sua mulher, Lu Alckmin. Ele também não gosta de falar dos problemas de segurança em São Paulo, principalmente sobre as rebeliões nas penitenciárias e nas unidades da Febem. Aliados de outrora, então, nem pensar. Ao mesmo tempo em que combate qualquer tipo de mazela em nível federal, o ex-governador cala-se diante das derrapadas do secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho. Quem acompanha à distância, tem a impressão de que os dois nunca se viram na vida. Mas é sempre bom lembrar que foi Alckmin quem colocou Saulo na pasta. E que deu apoio para que sua desastrada gestão estimulasse o crescimento do crime organizado no estado mais rico do país.

Sendo assim, fica complicado ver Alckmin de punho fechado e fazendo beicinho com cara de mau na TV. Afinal, se é tão exigente assim, por que não resolveu os problemas da segurança pública quando era governador? Alckmin tenta convencer os eleitores de que sua biografia é limpa, mas não deixou que a Assembléia Legislativa aprovasse um sequer entre os 70 pedidos de CPI contra seu governo. Apenas contribuiu para aumentar a sensação de impunidade no País. A situação da Febem também é emblemática porque expõe a incapacidade de seu governo em lidar com questões sérias na área de segurança. Sem falar no desvio de verbas públicas na Nossa Caixa e da publicidade oficial em revistas de aliados políticos. Dois casos de polícia que terminaram na passarela do samba em carro abre-alas com a figura do ex-governador.

O problema de Alckmin é que ele não assume os erros em nenhum dos casos. Como se não bastasse, aparece na TV para cobrar de Lula um combate mais efetivo à corrupção em nível federal. Para os de memória curta, vale lembrar que Alckmin passou 12 anos em uma cadeira no Palácio dos Bandeirantes fazendo exatamente o contrário do que agora prega pelos quatro cantos do país. O governador de São Paulo empurrou a sujeira para debaixo do tapete do Palácio dos Bandeirantes, enquanto o candidato à presidência pede limpeza no Planalto. Fazer a propaganda de Alckmin não será uma tarefa fácil, nem que os tucanos contratem os publicitários mais criativos do mundo. Com certeza, trata-se de um peixe cada dia mais difícil de vender.


Nota do Editor: Romeu Tuma é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo.

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