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Crônicas
19/06/2006 - 05h28
De leve...
Luiz Guerra - Agência Carta Maior
 

O táxi encostou no meio-fio, e parou. Duas mulheres lindas e bem-vestidas saltaram pela porta traseira, trocando tapas e desaforos. E teriam rolado aos agarrões pela calçada, não fosse a presteza do motorista em sair do carro e colocar-se entre ambas, serenando os ânimos. A mais velha olhou com imenso desconforto para os curiosos em volta, pagou ao taxista com uma nota de cinqüenta reais, sem esperar troco, e afastou-se rapidamente, puxando a mais nova pelo braço. Saíram de mãos dadas, chorosas, e atravessaram a rua no primeiro sinal.

Do meu posto de observação no Princesinha da Ilha, pensei comigo: "Cara de uma, focinho da outra."

Batata.

O motorista de táxi entrou no bar, pediu um chope, e, olhando para o meu lado, percebeu que eu já estava de bloquinho em punho, cara de foca, aguardando um esclarecimento.

"Mãe e filha", disse ele, entre pesaroso e zombeteiro, "brigando por causa do namorado."

"Da filha?", indaguei.

"Das duas", respondeu.

Sem dar-se conta de que várias mulheres ali perto tiravam uma casquinha de nossa conversa, ainda caprichou:

"Pelo que eu pude entender, brigaram porque o malandro anda machucando mais a coroa."

Bebeu o chope de um só gole, pagou e deu o fora.

De leve..., como dizia o outro.

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