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Crônicas
22/06/2006 - 12h26
A boneca sem mãe
Vanessa C. Vaz
 

Quando eu era criança, adorava bonecas. Principalmente, se fosse aquelas modernas, com pilhas e diversos movimentos. Lembro que já tive uma que nadava, outra que falava e até uma que fazia xixi. Era ótimo brincar com elas! Cada dia era mãe de uma, cuidava, dava banho, trocava a roupinha.

Tentava ser justa e dar atenção para todas. Mas, tinha uma que eu não brincava. Não me lembro de como a adquiri, nem de quem ganhei, o fato é que eu não gostava dela. Era uma boneca até grandinha, sua altura ia do chão ao meu joelho. Só que era feita de um plástico duro, meio vagabundo, desses de baixa qualidade. Suas roupas não eram de pano, mas sim de uma espécie de espuma. Não possuía habilidade nenhuma, não tinha pilha! E por isso a deixei no canto, jogada no chão e ainda com o plástico da embalagem.

Foram muitos dias com ela no chão. Toda vez que entrava no quarto, ela olhava para mim com um olhar de órfão, de pedinte. Isso me incomodava! Até que um dia resolvi me livrar dela. Tinha uma amiga pobre, que não tinha quase nenhum brinquedo e por isso ofereci a boneca a ela. Ela adorou, ficou felicíssima. Recebeu a boneca nos braços como uma mãe e, pela primeira vez, tive a impressão de ver os olhos da boneca brilharem, como se ela quisesse sorrir ou chorar.

No fim de semana fui á casa da minha amiga. No quarto dela, não vi nenhum brinquedo. Perguntei pela boneca, ela falou que a mãe dela a havia colocado num lugar especial. Levou-me até a sala e me mostrou no topo da estante, ainda com o plástico da embalagem, a boneca. Falei para minha amiga pedir à mãe dela para tirar da estante, para que ela pudesse brincar. Minha amiga disse não, falou que preferia que ela ficasse lá. A menina disse que a boneca era muito bonita e valiosa e que se brincasse com ela podia estragá-la. Nessa hora olhei para boneca e ela pareceu olhar para mim, de cima para baixo, do seu posto majestático, como se fosse uma rainha e eu, uma plebéia.

Dias depois, voltei lá e olhei de novo para boneca na estante, só que desta vez o olhar estava meio triste, meio solitário, parecia pedir algo, reclamar atenção. Queria ela brincar?


Nota do Editor: Vanessa C. Vaz é jornalista.

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