Ao buscar novamente o apoio do setor supermercadista para promover a II Semana dos Alimentos Orgânicos, que começa nesta sexta-feira e vai até o dia 30 de junho, o Governo Federal elegeu um importante aliado. Afinal, são mais de 72 mil lojas em todo o país, que atendem a diversas necessidades de consumo dos brasileiros, sendo o principal canal de compra de alimentos. Para a Abras, participar desta campanha é mais uma oportunidade de aumentar seu já extenso mix de produtos. A nova onda verde e saudável vem aumentando sua participação nas lojas e no gosto do consumidor nos últimos anos. Hoje, estima-se que a produção orgânica brasileira ocupe 6,5 milhões de hectares e envolva aproximadamente 20 mil produtores, dos quais 80% são pequenos. O setor movimenta cerca de R$ 100 milhões/ano no Brasil. Em todo o mundo, são U$ 26,5 bilhões/ano. Apesar do crescimento de quase 50% ao ano, o segmento de orgânicos no Brasil ainda está em fase de consolidação. A tendência, porém, veio para ficar e o exemplo vem fora. Na última edição da FMI Show (Food Marketing Institute), maior feira de alimentos dos Estados Unidos, pelo quarto ano consecutivo um pavilhão é dedicado exclusivamente a este gênero de produtos. São mais de três mil expositores - principalmente americanos e canadenses - que apresentam ao mercado sorvetes, iogurtes, vinhos, roupas, pet food, cervejas, além dos já conhecidos frutas, legumes e verduras. Em vários aspectos, nossa realidade está muito aquém dos Estados Unidos. Porém, os supermercadistas brasileiros já perceberam o potencial deste nicho e estão dispostos a investir. Mais do que promover alimentos cultivados de maneira natural, os supermercados estarão empenhados em atender da melhor forma os consumidores preocupados com o consumo sustentável. São pessoas que estão dispostas a, inclusive, pagar mais por isso. O objetivo, no entanto, não é só atender a um público específico. Se hoje são até 30% mais caros, a tendência é que o preço caia com o aumento da demanda. E o ciclo se consolida porque, com a maior procura, o Ministério do Desenvolvimento Agrário cumpre seu objetivo de fazer crescer a área plantada. Por outro lado, a redução do preço final agradará com certeza aos consumidores. No que depender dos supermercados, a promoção dos orgânicos não se esgotará ao final do período da iniciativa. Logo após o primeiro evento do governo, alguns supermercados se engajaram na proposta e elevaram suas vendas de orgânicos na ordem de 200%. Esse resultado deve ser superado neste ano. No entanto, o desafio é grande. Segundo pesquisas mais recentes, cerca de 60% da população ainda desconhecem os produtos orgânicos. Os ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social e Agricultura, conscientes das dificuldades, se propuseram a alavancar políticas para disseminar a informação sobre as virtudes dos produtos orgânicos. Acertadamente vêem nos supermercados seu maior aliado. Até porque, os supermercadistas, buscando sempre oferecer aquilo que os consumidores buscam, não poderiam ficar insensíveis a este novo nicho que vem crescendo de forma intensa também no nosso País. E, assim, os orgânicos vão ganhando mais espaço nas prateleiras e nos lares brasileiros. Nota do Editor: João Carlos de Oliveira é Presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
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