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SEÇÃO
Crônicas
26/06/2006 - 07h16
Boates
Luiz Guerra - Agência Carta Maior
 

Acabo de ler sobre a noite de pancadaria e quase morte em uma boate de Ipanema. Em outra, também na zona sul carioca, um jovem levou um tiro fatal. Do lado de fora, disseram os donos da casa, mas naturalmente em decorrência de confusão começada lá dentro.

Nossas boates passaram a freqüentar o noticiário policial dos anos 1990 para cá, com toda essa garotada de boa família, como dizem os jornais, pondo em prática o que aprendem em suas academias de lutas marciais, defendendo suas parceiras ou mexendo com as dos outros, e saindo no tapa.

Sair no tapa com essa turma é algo como ficar na frente de uma locomotiva; se conseguem mandar para o hospital gente que pode enfrentá-los, eu, com toda a certeza, iria para o cemitério do Caju, embalado numa caixa de entrega a domicílio, e até com uma certa lógica, pois nasci ali perto, na rua Carlos Seidl.

Só fui a uma boate uma única vez em minha vida. Corria o ano de 1975, e o dono da firma onde eu trabalhava resolvera dar esse presente aos seus poucos funcionários, devido a um contrato principesco que fizera à nossa própria custa, claro. Uma boate de executivos, com porteiro de libré na frente de uma grande porta de madeira lavrada, hermeticamente fechada.

Éramos oito, cinco mulheres e três homens, todo mundo a fim de descascar a mamona. Um escurinho gostoso, mesas redondas para quatro, música lenta, chão inteiramente atapetado, com uma pista de dança mínima onde não cabiam três casais. Ficamos ali num papo gostoso, bebendo uísque e champanhe, contando piadas, jogando o verde... até que uma das garotas sumiu.

Uma suburbana, como eu mesmo. Mas suburbana abusada, saudavelmente abusada. Para ela, que também estreava na vida noturna de alcova (aquilo não era uma boate, era uma alcova), o tal ambiente era o mundo dos ricos, e isso mexera com o seu bovarismo nato. Passados vinte minutos, uma outra colega saiu à sua procura. A menina simplesmente tinha ido dar uma mijada. Sentara-se no vaso sanitário, para descobrir ao seu lado, sobre uma espécie de criado-mudo, um telefone com linha externa. Ligara para a mãe em Madureira, e ali ficara, no maior papo do mundo, contando à sua venerável genitora o grande momento de glória em sua vida; evidentemente devia estar se referindo à mijada naquele banheiro suntuoso. Houve mais atropelos e outras mancadas veniais depois de um certo nível de porre, mas sem prestígio literário.

Quando penso no que são as boates de hoje nas madrugadas cariocas, tenho a nítida impressão de que naquela velha noite nós entramos mesmo foi numa igreja.

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