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Opinião
03/07/2006 - 16h27
Educação, nota zero!
Ubiratan Iorio - Parlata
 

Com educação não se faz tudo, mas sem educação não se faz nada! Em linguagem matemática, investir em educação é condição necessária, porém não suficiente, para a prosperidade dos indivíduos e das nações. De fato, a evidência empírica de, rigorosamente, todos os países do planeta é farta em demonstrar que nem todos os que investiram em educação conseguiram se desenvolver e melhorar o padrão de vida de seus cidadãos, mas todos os que lograram este objetivo investiram e continuam a investir em capital humano e, portanto, em educação. Desenvolvimento, resumindo, depende de investimentos em capital humano e de boas instituições.

Se nossas instituições são precárias, por tolherem a livre iniciativa, nosso sistema educacional merece nota zero, apesar do alarde feito por sucessivos governos federais, estaduais e municipais e dos nada desprezíveis gastos públicos destinados a esse fim, incluindo as despesas com o numeroso e brancaleônico exército de pedagogos e burocratas de plantão no ministério, nas 27 secretarias estaduais e nas 5567 municipais e que consomem boa parte das verbas do setor. A questão central não é que o Estado gaste pouco em educação: é que gasta mal - e muito mal! Não vou comentar, por questão de espaço, o lamentável estado, em todo o Brasil, dos ensinos fundamental e médio - este ainda mais do que aquele -, nem a inversão ética absurda no sistema de mérito, em que as cotas representam apenas uma dentre tantas distorções; vou ficar apenas no superior, onde ensino há muito tempo, nos âmbitos público e privado.

Se as universidades privadas enfrentam problemas sérios, gerados, de um lado, por sua expansão desenfreada e, de outro, por altos índices de inadimplência, as públicas também vão mal. A situação da UERJ - onde sou Professor e ex-Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas - é deplorável, tanto quanto a da maioria das universidades públicas. Não se trata de buscar os culpados hoje, porque a situação vem se deteriorando ano após ano e não se pode tampouco culpar a "falta de verbas", porque elas existem, embora, no caso da UERJ, venham sendo cortadas por questões políticas.

A universidade pública padece de doenças graves. A primeira é a "democratite aguda", com eleições diretas para muitos cargos e um "assembleísmo" que tudo decide, em reuniões que mais parecem convenções de partidos. A segunda é a sua apropriação quase total por professores socialistas - que ainda parecem lutar contra uma "ditadura" que terminou em 1985 -, por "entidades" (nada espirituais) e "movimentos sociais", assim como por representações dos partidos políticos de esquerda, que instalam barraquinhas nos campi, agredindo duplamente o próprio conceito de universidade, ao só darem espaço para as suas crenças e ao inverterem a máxima de que o certo é que as idéias brotem nas universidades e sejam adotadas pelos partidos e não o oposto. A terceira é uma formidável crise de gestão, fortemente correlacionada com as duas primeiras, em que diretores não conseguem dirigir, chefes não podem chefiar e reitores são impedidos de reger, porque essas prerrogativas - tão óbvias! - são vistas como "ranço autoritário", além de uma crônica ausência de informações, de indicadores e de incentivos para maior eficiência no uso de recursos e na premiação dos melhores. A quarta é uma centralização de recursos que torna as unidades de ensino dependentes das administrações centrais, bem nos moldes socialistas, tornando cada diretor - que deveria ser um gestor - um mero ser destinado a obter recursos pela via política e a esbarrar na incrível burocracia. A quinta é a gratuidade a todos os alunos, socialmente iníqua e agravante da penúria financeira: o auxílio aos estudantes pobres deveria dar-se por bolsas e crédito educativo e os que podem pagar deveriam fazê-lo. Por fim, a sexta é a patologia chamada MEC, sempre arrogante, ineficiente, burocrático e centralizador.

Mas isto é tema para outro artigo.


Nota do Editor: Ubiratan Iorio é Doutor em Economia pela EPGE/FGV. É Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ e Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP), Professor Adjunto do Departamento de Análise Econômica da FCE/UERJ, do Mestrado do IBMEC, Fundação Getulio Vargas e da PUC/RJ. É escritor com dezenas de artigos publicados em jornais e revistas.

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