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Crônicas
08/07/2006 - 11h23
A psicologia da derrota
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

No fim deu Europa, não é? No fim deu Europa. Explicável: é o continente em que nasceu o futebol (ainda que a pátria do esporte, a Inglaterra, tenha sido eliminada). E, mais importante, é um lugar que tem grana para investir em jogadores, técnicos, estádios. Mas devemos notar a presença dos imigrantes nos times, o que é até uma boa lição para países onde movimentos racistas e xenófobos estão em crescimento. O futebol não é racista, pessoal. O futebol é para todos. Como deve ser o mundo em geral.

*

Depois do jogo de sábado, lembrei-me do trabalho de uma psiquiatra suíça, Elisabeth Kübler-Ross, conhecida pelos estudos que fez em relação a situações difíceis da existência (doenças graves, por exemplo). A doutora Kübler-Ross dizia que pessoas nessas situações passam por cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Mantidas naturalmente as proporções, nós, brasileiros também passamos pelas cinco fases nos 90 minutos da partida:

1) Negação (primeiros 57 minutos): "Não, isto não pode estar acontecendo conosco. O Brasil não pode estar jogando desse jeito. Afinal, somos pentacampeões do mundo ou não somos? Daqui a pouco o time se ajeita, o pessoal começa a jogar e vamos ganhar a partida".

2) Raiva (o gol da França): "Claro, isso tinha de acontecer. Jogando desse jeito, só podíamos mesmo tomar este gol".

3) Barganha (logo depois do gol): "Espera um pouco, o jogo ainda não terminou. Temos muito tempo para nos recuperar e mostrar o que sabemos fazer. Depois, milagres acontecem, principalmente quando se considera que Deus é brasileiro".

4) Depressão (final do jogo): "Estamos liquidados. Agora só nos resta meter o rabo entre as pernas e voltar para casa".

5) Aceitação (no domingo e na segunda): "Bem, perdemos. Isto acontece. Em futebol, a gente ganha, empata ou perde, e neste caso aconteceu a terceira possibilidade. A vida continua, não vale a pena esquentar. Afinal, era só um joguinho, não é mesmo?"

*

Durante a Copa, a vida dos brasileiros mudou, em muitos casos para melhor. É verdade que, como me disse o dono de um minimercado, a venda de cigarros aumentou; mas, ao menos durante as partidas do Brasil, o trânsito fluía fácil (vim de Camaquã para Porto Alegre na metade do tempo habitual), as emergências dos hospitais não lotavam e, em Salvador, registrou-se um notável decréscimo da criminalidade. Agora voltamos ao normal, discutindo, por exemplo, política. A disputa eleitoral, pelo menos, tem uma vantagem: certamente um brasileiro vencerá a eleição. Alguma coisa temos de ganhar neste ano.

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Uma coisa a gente aprendeu: leitura labial funciona.

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Beneficiário político do jogo Brasil x França? Lula, claro. Ele agora pode apregoar: eu disse que o Ronaldo estava gordo.

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