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SEÇÃO
Crônicas
08/07/2006 - 16h57
Parreira e Fellini
Mariella Augusta
 

Que a seleção brasileira foi um fiasco, todos já sabemos. Eu, que não sou autoridade no assunto, gastei meu espaço e a paciência dos meus leitores, escrevendo somente sobre o que, uns chamavam de hexa e eu, humildemente, de vexame. O que seria mais difícil pensar é na sua ligeira semelhança com o belíssimo Ensaio de Orquestra do Fellini.

Imaginem uma orquestra onde o maestro não tenha força em sua voz – precisamente porque ditatorial; e o mais importante não é a música, e sim as expectativas egoícas diante dela, por parte de seus instrumentistas; onde rinhas pessoais e competições internas se revelam como as notas que deveriam surgir. Imaginem uma orquestra onde cada músico queira mostrar a superioridade de seus instrumentos em relação a todo o conjunto; onde cada músico é tomado por posições extremistas, endossadas por um sindicato que lhes guarda tanto mais direitos do que obrigações. Justo em presença de um programa de televisão que lá estaria para documentá-los é que se dá a algazarra. E o maestro inerte, incapaz de criar uma unidade necessária entre personalidades tão diferentes.

Deram-se conta da semelhança? Pois bem, vamos contar o santo já que contamos o milagre. Parreira é o Balduin Bass um ditador sem fiéis. E os jogadores de nossa seleção estrelas de seus próprios instrumentos.

Um Cafu a ser homenageado (antes tivesse sido apenado pela justiça italiana, não cairia na justiça de nossos torcedores como um tradittore). Um Spalla desafinado que nos largou sem seus melhores solos – que possivelmente ficaram no passado – que chamamos carinhosamente de Fenômeno. Um pianista histriônico que se sentou na fama de dois títulos de melhor do mundo e resolveu deixar para amanhã o que deveria ser feito ontem. Um veterano e forte baixo que esqueceu que não se pára a música para ajeitar suas meias – periga a coisa ficar coxa. E os sopros? Aqueles lampejos de graça que se dão no meio campo ficaram sem se apresentar porque lhes faltou o brilho que os metais costumam prometer e cumprir.

Como no filme, a tv estava lá. E ao invés de dizer a verdade inflou egos já inflados. Afagou quando deveriam bater. Agora estão á la recherche du temp perdu e insistem em chutar cachorro morto. Mas já que falamos de música e música não houve, vale para todos os que calando consentiram: è finita la commedia!


Nota do Editor: Mariella Augusta é Bacharel em Direito, mestranda da FFLCH (USP), escritora, autora de “O Fio de Cloto”, livro de contos prefaciado por Bruno Fregni Basseto, grande filólogo e vencedor do Prêmio Jabuti. Publicou crônicas no “Jornal das Artes” e artigos em várias revistas acadêmicas.

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