... Era um dia como outro qualquer, nada de novo, apenas mais um dia. Naquele instante, todos falavam coisas banais tipo: como foi o seu dia? Como está sua família? Aquela dor nas costas passou? De repente, num relance, os olhos se cruzaram e no meio de todo aquele falatório, se olharam. Não era um olhar normal, era sugestivo, safado com teor acima do permitido. As pessoas falavam, falavam e eles se olhavam com ternura. Com ternura? Nada disso, naquele momento eram olhares, gulosos. Não se falaram nada, o alfabeto não pertencia às suas bocas, mas o olhar... O olhar pertenceu aos seus corpos, cada milímetro percorrido com tenacidade, voraz, ardente. Os minutos, segundos, horas, se passaram, sei lá! O tempo passa para quem se olha assim? Eles não sabiam, mas já estavam apaixonados, se queriam, se gostaram desde o primeiro instante. Ela desceu do ônibus, ele seguiu viagem... Para dentro da vida dela... Nota do Editor: Gil Horta é jornalista e radialista, trabalha na Rádio Solar de Juiz de Fora e ministra cursos de produção e locução.
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