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Opinião
21/07/2006 - 12h01
Sobre violência e perspectiva de vida
Helem Sandra Albino
 

Certas experiências profissionais em áreas distintas, pelas quais tenho o prazer de permear – umas com maior, outras com menor competência durante os últimos anos – vêm me instigando. São áreas que, intrinsecamente, atuam no fator humano e na comunicação escrita, experiências sem as quais eu seria como aquele passarinho perneta do Rubem Braga pela vida.

Falo sobre o jornalismo e a psicologia. O primeiro, manifesto nas redações e posteriores edições do jornal da escola, do jornal da cidade, de outra cidade, de outra, de outra... muitas leituras, contato com jornalistas, escritores... mas nunca a formação acadêmica. Fiquei sempre na prática, no free lancer. A palavra escrita virou comida de cada dia, sem a qual não sobrevivo.

E preferi a psicologia como trabalho. Escarafunchei Freud, questionei, interagi.

Esta me permitiu, além do contato interpessoal, sempre fascinante, uma busca mais metódica dos “porquês” e dos “comos” da vida.

Mas venho dizer a vocês sobre algumas intersecções das duas áreas que vêm se confirmando, de modo que resolvi compartilhá-los. Do dia a dia, olhando nos olhos de crianças assustadas, de pais desencorajados, de profissionais mais ou menos certos do que queriam, de assassinos confessos e estupradores que se diziam inocentes. Experiências nada kitsch, bonitinhas ou utópicas. Não sei porque lembro agora de um trecho de uma entrevista de Fernanda Young, sagaz redatora e poetisa dos tempos atuais. Dizia ela que agradece muito o dia em que perdeu todas as ilusões. Perdoe-me. Não chego a tanto. Acredito e forço-me a acreditar no ser humano, dia após dia, e tornar assim a vida melhor de ser sorvida.

Quando as pessoas, quer seja aquele que míngua de câncer ou do sofrimento homeopático da hemodiálise.... Quando os jovens, aquele que busca emprego na produção da fábrica ou o outro que freqüenta os cursinhos da vida... quando a gente não encontra propósito, quando aquela centelha diminui, não se faz presente e a gente deixa de acreditar... é tão simples: não há vida. Não há vida se não se vislumbra possibilidades, sonhos, ideais.

Sofremos com a morte dos ideais. A juventude dos anos 70 tinha contra quem lutar: a burguesia, o capitalismo selvagem. Os mais “caretas” também, pois o inimigo vestia vermelho. Agora nos faltam sonhos. E precisamos voltar os olhos para dentro, buscar o que de mais intrínseco nos faria seres humanos melhores: um propósito, apenas um. Um amigo com quem compartilhá-lo, faria toda diferença.

Costumo dizer a quem busca emprego de “qualquer coisa serve, doutora” que, para quem não tem rumo, qualquer caminho serve, para chegar a qualquer lugar, que nem sempre será bom. Ao contrário, precisamos buscar nossos diferenciais, investir neles, nos qualificar, usar a criatividade, buscar opções. Para adquirirmos esta postura proativa, só poderemos agir impulsionados por propósitos e ideais. É no que acredito como alternativa à violência, ao descrédito, à indiferença, à falta de solidariedade. Ingenuidade? Até hoje em minha vida, nunca vi ou soube de mudança (para melhor ou pior) que não começasse pela vontade de um indivíduo.


Nota do Editor: Helem Sandra Albino é psicóloga clínica, especialista em Infância e Violência Doméstica. Prestou serviços à ADEFIL - Associação dos Deficientes Físicos de Lorena - durante vários anos e hoje atua junto à RH TIME Recursos Humanos em Itajubá (MG).

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