O número de vasectomias tem aumentado nas últimas décadas devido a vários motivos comportamentais. A consciência da importância de um planejamento familiar, a praticidade e o baixo índice de complicações são alguns fatores que fazem com que homens de 35 a 45 anos procurem esse tipo de procedimento. De acordo com o urologista Sérgio Levy, no Brasil é difícil apontar números, pois a vasectomia é realizada, na maioria das vezes, em serviços privados. "Alguns convênios não cobrem esse procedimento. Com isso, o Ministério da Saúde não tem controle sobre as cirurgias realizadas. Só para se ter uma idéia, dados estatísticos nos EUA mostram que cerca de 500 mil americanos que se submetem à vasectomia a cada ano", informa. Porém, paralelo a esse quadro há uma outra realidade. Com o crescimento de segundos casamentos, cresce também o interesse por filhos com a nova companheira. De acordo com o Vasovasostomy Study Group, aproximadamente 75% dos indivíduos que desejam a reversão são aqueles que estão em um novo relacionamento, enquanto apenas 10% são casais que desejam ter mais filhos. O restante procura a reversão devido a motivos religiosos, perda de filhos, entre outros. A cirurgia - Segundo Dr. Levy, para a maioria dos casos de reversão, a vasovasostomia é o procedimento cirúrgico mais indicado. "Ela restaura o fluxo de espermatozóides através da ligação dos vasos deferentes, obstruídos pela vasectomia. Em algumas situações - como nos casos de pacientes que apresentam maior obstrução devido ao tempo de vasectomia - é necessário realizar uma outra técnica de reversão conhecida como vasoepididimoanastomose. Trata-se de uma cirurgia mais delicada, que exige experiência em microcirurgia", comenta o especialista. Os riscos - Antes da cirurgia, o paciente deve passar por um exame prévio para checar alguns pontos importantes para o êxito da reversão, como o comprimento que ficou entre os vasos deferentes após a vasectomia. "Quanto mais longos estiverem os vasos, maiores as chances da reversão dar certo", diz Dr. Sérgio. A incidência de complicações pós-operatórias é baixa. A recuperação é rápida, e na maioria dos casos o paciente sai do hospital no mesmo dia. "Pequenos inchaços, hematomas ou descoloração na área são normais, podendo desaparecer em alguns dias. Para retornar à atividade sexual, o prazo médio é de três semanas". O sucesso - Estudos da Vasovasostomy Study Group, realizados durante nove anos, comprovam os bons resultados da reversão. Cerca de 86% dos homens apresentaram presença de espermatozóides no ejaculado, com uma taxa de gravidez de 52%. "Não podemos esquecer que esses resultados dependem muito do tempo de realização da vasectomia, podendo variar positivamente de 97% - cirurgias realizadas há três anos - a 71% - cirurgias realizadas há mais de 15 anos". O médico lembra ainda que, de acordo com a Lei 9.263 - de 1997, sobre a regulamentação do planejamento familiar, a vasectomia é indicada para homens acima de 25 anos ou, pelo menos, com dois filhos vivos, ou nos casos onde a gravidez do cônjuge poderá gerar risco de vida. "Na prática diária, costumamos dizer aos homens que devem eleger a vasectomia como um procedimento definitivo, apesar de sabermos que existe a possibilidade de reversão", finaliza o urologista.
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