13/09/2025  06h58
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
28/07/2006 - 09h00
O poder é para fracos...
Dartagnan da Silva Zanela
 

A vaidade da ignorância é um abismo de miséria humana”. (Olavo de Carvalho)

Há muito tempo que aprecio a obra de Alexander Sutherland Neill, com as devidas restrições as suas propostas, mas com devotada e sincera admiração pela sua dedicação e zelo pela formação dos infantes. Recentemente lá estava eu a ler mais uma de suas obras, mais especificamente a autobiografia deste que é o fundador da Escola de Summerhill, obra esta intitulada “Minha luta pela liberdade de ensino” e eis que deparo-me com as palavras que tocaram o âmago de meu ser, as quais seriam: “A atitude do político que diz: ‘Falo em nome do povo que me elegeu’ muitas vezes sugere um homem sem princípios e sem coragem. [...] Política significa acomodação e pessoas livres são muito ruins na questão de acomodar-se”. (pág. 236)

É interessante esse acovardamento congênito de nossas “otoridades” de um modo geral e bem como de sua fiel corriola de agregados submissos. Eles nunca são honrados o suficiente para falar em por si só. Eles têm sempre que estar muito bem escorados e escondidos atrás da massa disforme que, em algumas ocasiões, eles dão o nome de “povo”, outras tantas de “comunidade” e/ou “di catiguria”.

É que estes senhores sem as suas escoras, nada mais são do que um reris covarde, de modo similar a um dependente químico que se esconde atrás da de seu vício ou um assassino que se esconde no encalço de sua arma. Aliás, a multidão ignara é a sua arma ao invés dos argumentos racionais. Multidão esta que eles habilmente dissimulam como sendo uma argumentação lógica caricatural conforme os estratagemas de número quatorze (falsa proclamação de vitória) e o vinte e oito (Argumento ad auditores) da Dialética Erística de Arthur Schopenhauer.

Essa situação averiguada em nosso cenário político nada mais é que a face nua e crua das relações irracionais que dão o tom para a disputa pelo poder. Não estamos a afirmar que os jogos políticos não tenham em si uma articulação lógica, mas sim, que esta articulação está deveras distante da senda da sabedoria, coisa que a muito Sócrates de Cristo Jesus nos denunciaram.

Na lógica dos jogos de poder da sociedade brasileira hodierna, mais do que nunca, faz-se necessário para todo aquele que pretende embrenhar-se nas disputas eleitoreiras negar a sua consciência individual para tornar-se apenas mais um anelo de um grupelho que tenha em vista a obtenção do poder nos ciclos eleitoreiros acatando assim as demandas da facção a qual passou a integrar. Trocando em miúdos: deixa de pensar em nome de um status vazio para ocultar a vulnerabilidade de sua personalidade (ou coisa similar).

Pois bem, e que é mais interessante: fora destes grupelhos o que são estes indivíduos? Como já havíamos dito: nada. Aliás, chegam a ser insignificante. Quando no poder e entre os seus chegam a parecer pavões vaidosos. Sem ele e distante de seus pares revelam a sua patética face deformada pela sua sanha pela pseudo-onipotência. Assim são os nossos homens e mulheres públicos de norte a sul do país, com raríssimas (e cada vez mais raras) exceções, que acabam sempre caindo na total exclusão por serem vistos como outsiders a esse processo degenerado e, acima de tudo, degenerante.

Eles têm sua relevância pela sua capacidade de articulação servil como representantes de “otoridades” maiores que eles que estão integradas nestes jogos e, desde modo, são capacitados a dissimularem uma espécie de pseudo-poder a nível local que, só lhes é possível pelo fato de estarem em conluio com estes como a um garoto fracote que canta de galo por ter um irmão parrudo para defendê-lo quando está em apuros. Enfim, nada mais, nada menos, do que covardia frente aos desafios da vida. Medo de agir e pensar por conta própria tendo que se esconder nas funestas saias do poder mundano. Ou seja: seria realmente algo para pessoas fracas e vazias que por não serem capazes de se auto-afirmarem em sua humanidade, negam-na para poder fingirem ser algo significante.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.