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Opinião
31/07/2006 - 10h20
É com homens e livros...
Dartagnan da Silva Zanela
 

“É com homens e livros que se constrói uma nação” dizia-nos Monteiro Lobato e, mas recentemente e com incansável insistência, o cartunista Ziraldo em suas entrevistas sempre enfatizava com o ar de sua graça [em ambos os sentidos] que se nós desejamos realmente ver nosso país ir para frente, deveríamos implantar em nossas escolas públicas a “disciplina aprender a gostar de ler” onde os mancebos teriam grande acesso a livros para assim não apenas despertar o gosto dos pequenos para a prática da leitura, mas principalmente, para soltar as asas de sua imaginação que, por sua deixa, ampliaria o seu horizonte de compreensão devido ao alargamento de sua capacidade de criar, observar e comparar várias situações passíveis de serem vivenciadas.

Entretanto, para se ensinar alguém a gostar de ler, é basilar que, em princípio, a pessoa que vá ministrar tais lições goste disto o que, já é outra conversa e de naipe bem diferente. Quantos professores você conhece que freqüentam periodicamente a biblioteca da Instituição de Ensino para emprestar um livro para ler por pura curiosidade ou deleite pessoal? Quantos professores você conhece que contam com entusiasmo que compraram um livro que a muito desejavam adquirir e que, após guardar uns trocos ou conseguido negociar com o livreiro, realizaram o tão esperado sonho? Aí me diga como que um mané deste poderá ensinar uma criança as delícias da leitura? Como um ser deste pode ser capaz de cultivar num infante uma paixão que ele desconhece e até mesmo desdenha?

Podemos afirmar o mesmo com relação a arte da escrita. Quantos professores você conhece que são capazes de redigir um texto de modo claro? Alias, quantos escrevem periodicamente? Eu conheço um funcionário público que se orgulha de não conseguir ficar um único dia sem compor um poema nativista, mas não conheço nenhum educador que se gabe da mesma necessidade, infelizmente. E aí, estes mesmo inermes, amam tecer com fel e palavras toda a sua insatisfação com relação a seus alunos que não gostam de ler e que não tem a menor predisposição para escrever um parágrafo que seja.

Olha meu amigo, já vi professores em especialização desesperados procurando alguém que fizesse a sua monografia e, passado algum tempo, lá estavam eles queixando-se “aduvinhe” de que? Que seus alunos são incapazes de escrever algo com consistência. Bem provavelmente os infantes aprenderam muito bem a lição ministrada pelo exemplo de seus mestres.

De mais a mais poderíamos nós aqui falar de inúmeros males que são inerentes a educação pública Estatal, mas, por que nos alongarmos com trololó se, a nosso ver, o “x” da questão é este? Como falar em melhoria na qualidade de ensino quando os nossos “ensinadores” acreditam que para realizar essa tarefa, eles, com seus parcos [e muitas vezes miseráveis, no sentido noológico] anos de estudo pensam que já sabem tudo o que deveriam saber?

Bem, eu sou devoto do princípio de que o canal mais fácil de se ensinar algo para uma criança é pelo caminho do exemplo o qual, será imitado se este for demonstrado com toda força de sua alma. Aí, meu caro, é que eu lhe pergunto: o que nossos infantes estão imitando de nossos atos e hábitos corriqueiros? É... Dificilmente refletimos sobre isso, não é mesmo? É um negócio muito chato. Tão chato quanto nós.

Se o Brasil depender dos conselhos de Lobato e Ziraldo, o troço vai continuar feio por muito tempo devido aos nossos irrefletidos exemplos.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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