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Opinião
05/08/2006 - 17h29
Muito pincel, pouco Leonardo
José Paulo Lanyi
 

Fui dar uma palestra no Senac em um curso para locutores e programadores musicais de rádio. O jornalista e professor Rogério Voltan estimulou o debate sobre a chamada convergência de mídias, no âmbito da história da comunicação. Um dos alunos presentes ressalvou: temos, hoje, muito meio e pouco conteúdo. Ou, ainda que haja o que dizer, a molecada não tem dado muita importância para o conhecimento disponível. Um pensamento: é muito Orkut, pouco tudo o mais.

Veio-me à cabeça um paralelo com o Renascimento, aquele período histórico que produziu um pessoalzinho que fazia de tudo, e muito bem. O Leonardo Da Vinci seria a síntese dessa disposição. Era pintor. Mas também uma espécie de projetista de material bélico. E escultor. E precursor da engenharia aeronáutica. E por aí vai, consulte o Google...

Agora temos a Internet, o carro-chefe do processo que chamamos de interatividade total. Antes havia o telefonema para o estúdio, havia a carta do leitor. Hoje tudo passa pelo computador e vai carregando o que vai pela frente... Gostamos, sim, dessa coisa, afinal estamos aqui, juntos, construindo uma civilização. Mas havemos de convir que este é, predominantemente, o Renascimento da forma, em detrimento do conteúdo. É como se acumulássemos pincéis e espátulas, baldes e baldes de tinta, mas não ligássemos para a pintura.

Este é o Renascimento das mídias. No Brasil, a TV digital virá para corroborá-lo. Temos, contudo - para usarmos uma imagem de e-mail -, muito lixo eletrônico e pouco interesse do que chamo de Geração Preguiça, coalhada de jovens que têm a faca e o queijo, mas sofrem de anorexia. Tempo demais no MSN, tempo demais no Orkut, no fotolog, tempo de menos para entender o que está acontecendo.

No jornalismo, alimenta-se de superficialidade. Na CNN parece que nada mais existe sobre a face da Terra, salvo o conflito mais fresquinho do Oriente Médio. Na Internet, como em outros meios, todos nós nos tornamos, na marra, suzanólogos, tal a ênfase que se deu ao julgamento da moça atormentada. Fora o banho de loja de PCC. Dois, três assuntos fortes, sobretudo o último, que mexe com a vida do País, e somos todos feitos do mesmo material. Somos um produto pop, com pose de Michelangelo e jeitão de Warhol. Muita inclusão digital, pouca inclusão mental. O jornalismo tem feito bem a sua parte, ou seja, mal. A César o que é de César, dirão. Se a Internet é rápida, os interesses também são voláteis. E o freguês sempre tem razão. Discordo, esse nem sempre sabe por que entrou na loja.


Nota do Editor: José Paulo Lanyi é jornalista, escritor, ator, é autor de quatro livros, um deles com o texto teatral "Quando Dorme o Vilarejo" (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo três prêmios em equipe: Esso e dois Ibest. Nascido em Brasília, filho de um oficial do Exército e de uma artista plástica, é paulistano de coração e torcedor de um clube do Rio de Janeiro: o Vasco da Gama - time que escolheu aos sete anos, quando morava no Rio Grande do Sul.

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