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Opinião
06/08/2006 - 17h54
A ironia do diploma
Marlise Brenol
 

Eu tinha 16 anos quando decidi: vou ser jornalista. Eu estava morando no Texas, na casa de uma família americana, participando de um intercâmbio cultural entre estudantes de segundo grau - hoje ensino médio. Eu me lembro que o único contato que eu tinha com o Brasil eram as ligações da minha família e as notícias do meu país que apareciam de vez em quando nos jornais impressos.

Todos os dias eu lia o Dallas Morning News, não porque eu achasse divertido, mas porque eu queria encontrar referências do "Brazil" em alguma parte daquele impresso. De vez em quando eu encontrava alguma citação do meu país. Normalmente, o Brasil era objeto de uma pequena nota nas páginas da editoria de Economia.

O Brasil que os norte-americanos reportavam, no começo dos anos 90, era um país de alto risco para investidores, instável economicamente, praticamente um monstro para a economia de mercado. Aquilo me revoltava e eu decidi que seria jornalista para poder reportar ao mundo o que o Brasil tem de melhor. Doce ingenuidade de uma adolescente de 16 anos!

Aos 17 anos lá estava eu ingressando na Famecos, a Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUCRS. Foram quatro anos de um curso envolvente que te coloca em contato com os meios de comunicação, profissionais que trabalham na mídia, que te dá oportunidade de produzir textos como um jornalista profissional. Saí da faculdade craque na técnica de escrever textos específicos para cada veículo, mas talvez, com a mesma ingenuidade de quando entrei. Aprendi como escrever uma notícia, mas e o que escrever?

Este é o ponto principal na discussão sobre a obrigatoriedade de diploma. O jornalista sai da faculdade capacitado para o "feijão com arroz", ou seja, para escrever um lead noticioso, uma reportagem factual, ou até um texto com cunho literário, no caso das focas mais criativas. Mas nenhum jornalista sai dos bancos universitários com bagagem suficiente para produzir reportagens analíticas, escrever textos opinativos consistentes ou editoriais relevantes.

Á medida que o jornalista adquire mais experiência e conhecimento, ele busca espaços para avançar na profissão. Mas o fato é que os cargos que antes eram dos jornalistas veteranos, hoje estão sendo ocupados pelos especialistas ou pelos jornalistas com dupla formação. É quando o jornalista enfrenta a grande desilusão: os quatro anos de faculdade não foram suficientes.

Este cenário é ruim para o leitor e para a audiência? De jeito nenhum, muito pelo contrário, normalmente, os especialistas enriquecem os conteúdos dos produtos jornalísticos (rádio, TV, internet e jornal impresso). Mas este cenário é um alerta para os jornalistas acomodados, ou seja, aqueles que cursam quatro anos de faculdade e pensam que sabem tudo, que estão prontos para a profissão e por isso param no tempo, muitas vezes ingenuamente.

Por isso, esta polêmica toda da obrigatoriedade de diploma é a mensagem do mercado aos jornalistas: mexam-se! Mostrem que o jornalista também pode ser um profissional com conteúdo e capaz de ser bem sucedido. E mais do que isso: tenham consciência que o jornalista não precisa necessariamente estar preso a uma redação para mostrar talento.


Nota do Editor: Marlise Brenol é jornalista, Assessora de Comunicação.

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