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SEÇÃO
Crônicas
12/08/2006 - 08h11
Toque de recolher
Helena Sut - Agência Carta Maior
 

Com os gritos da madrugada, o soldado solitário encerra-se ferido por questionamentos. De longe, monitorou a retirada dos corpos sob os escombros do prédio atingido. Crianças e mulheres aterrorizadas, olhares interrompidos, últimos abraços... Ele é soldado, suas ações são marcadas pela defesa e pelo ataque. Mas e o resto do mundo? Os tribunais internacionais? As forças de paz?

Talvez o jovem soldado sinta alguma culpa, algum sorriso que desfez e não consegue esquecer. O Senhor do território veste a máscara do vencedor no proscênio de um cenário plural com a benção dos demais protagonistas. Todos estão consternados e lamentam a morte de civis...

Algumas motivações ficarão presas às trincheiras abandonadas, aos subterrâneos que não transcendem e são reduzidos aos segredos cicatrizados de poucos. A atuação é mais forte e aniquila as fraquezas, reestrutura o temor como uma arma preventiva e o ódio como um alicerce para a continuidade. A glória encerra os vestígios de humanidades.

A alegoria não expõe marcas. Forte permanece fiel ao papel no mundo. Mas o jovem corpo pertence a uma alma cheia de anseios, angústias, culpas... Um indivíduo... Mas de que vale um indivíduo num campo de interesses coletivos? De que valem milhares de pessoas? Cidades? Recrutado pela realidade para marchar sobre a loucura, atravessa blindado a compaixão e reconstrói o significado da paz convivendo com os demônios interiores que sopram as fagulhas do inferno sob a fumaça quando, longe dos pelotões, for alvejado pelas lembranças recortadas.

Encerrada a guerra, o soldado pode sentar e repousar a cabeça por entre as pernas. Certamente chorará lágrimas marcadas de vitórias... As ruínas que viu teimarão em equilibrar-se no parapeito da memória e reacender clarões marciais...

Quantos inocentes estão mortos? Quantos sonhos não ruíram num piscar de olhos? Quanto deixou de sentir que poderia ser qualquer um, inclusive, ele?

O soldado se despe da armadura. Longe da farda, é um homem que se esconde e já não pode se conjugar sem perceber o grande hiato que o distancia do que fora um dia.

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