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Opinião
15/08/2006 - 07h44
Lulla e a insistente tentação totalitária
Mario Guerreiro - Parlata
 

Quem pensa que Lulla é contra a ditadura, labuta em erro. Ele só é contra uma ditadura de direita como a produzida pelo golpe de 1964; aliás uma ditadura combatida por ele no tempo em que não andava de paletó e gravatas de seda. Combatia-a, porque desejava substituí-la por uma ditadura de esquerda, assim como outros subversivos da época, hoje devidamente aburguesados, uns ministros outros deputados, outros ainda "enricados".

No entanto, as circunstâncias políticas tornavam impossível uma revolução comunista como sonharam Lamarca e Maringhella. E Lula teve que aceitar a via democrática para, após três infrutíferas tentativas, chegar ao "Puder" - tal como o insaudoso François Mitterrand. Lá chegando, nunca abandonou o sonho de ser um daqueles coronelões dos sertões que, em época de eleições, só não mandavam chover água, macaxeira e rapadura, porque não podiam e ainda não podem. Tanto é assim como asseveramos que a velha tentação totalitária volta e meia faz sua reaparição na cachola de Lulinha Paz e Amor.

Um presidente da República falar em reforma política no início de sua governança não tem nada demais: faz parte do jogo democrático; mas um presidente falar nisso em fim de governo - quando ele está se confundindo com o candidato a presidente - convenhamos que é algo não só esdrúxulo como também inusitado na história da República. E a coisa se torna extremamente ameaçadora quando, pelo gosto do presidente, a referida reforma não seria feita pelos atuais membros do Congresso, mas sim por membros de uma assembléia constituinte convocada especificamente para cumprir tal finalidade. O my dog!

Na Venezuela, Hugo Chávez fez exatamente isso, antes de se tornar Hugorila Chávez: um truculento ditador. No Brasil, Lulla sugeriu fazer isso neste início de agosto de 2006. (Logo em agosto,... o mês das bruxas!). A coisa tem um cheirinho de tentativa de golpe e quem afirma isto não sou eu, mas sim o professor de direito constitucional e ex-Ministro do STF: Carlos Velloso (Nenhum parentesco com Caetano Veloso, mesmo porque o sobrenome do Ministro é Velloso com dois éles). Indagado por que a coisa tem um cheirinho de tentativa de golpe, disse Velloso:

Eu não estou dizendo que o presidente Lula tenha essa pretensão. Mas todo César, todo governante que tem pretensões cesaristas, começa assim convocando uma Constituinte. Foi o que aconteceu com Chávez, na Venezuela, e com Pinochet no Chile. (Jornal do Commercio, 4/8/2006).

Carlos Velloso acrescentou que há sempre uma boa razão para a convocação de uma Constituinte quando há uma ruptura constitucional como por exemplo na época das Diretas Já, no final do regime de exceção (1969), quando houve um clamor popular com milhares de pessoas nas ruas. Quanto ao que fazem aqueles tomados por pretensões cesaristas, estou de pleno acordo com o preclaro jurista; mas no que se refere à comparação do atual ditador da Venezuela com o ex-ditador do Chile, data maxima venia não posso concordar e direi porque não posso: Chávez deu um golpe num país em plena democracia, enquanto Pinochet deu um golpe num presidente eleito, Allende, que uma vez no Poder - tal como João Goulart no Brasil - estava levando o Chile ao caos institucional, de modo a transformá-lo num país à imagem e semelhança de Cubanacan de El Coma Andante.

Além disso, Pinochet - embora cruel ditador de um ponto de vista político - foi um autêntico liberal de um ponto vista econômico, itinerário seguido por Deng-Chiao-Ping, o homem que transformou a miséria da época de Mao-Tsê-Tung numa promessa de prosperidade e esperança em dias melhores quando a China - tal como ocorreu no Chile de Pinochet - for uma verdadeira democracia. Não estou certo quando ela será, mas estou certo de que haverá de ser antes daquele aglomerado tribal muçulmano do Oriente Médio, daquele país de araque.

Já disse alhures e aqui redigo: países em que foi feita uma abertura econômica, para mais tarde ser feita uma abertura política, parece que se deram muito bem. Este é o caso do Chile assim como será o da China. Mas países que fizeram uma abertura política com uma meia-sola econômica estão hoje chafurdando no pântano da mediocridade. Este é o caso da União Soviética e do Brasil. Brasil, aliás, nada mais parecido com a Terra de Ivan Grosnie (Ivan, o Terrível) do que a Terra de Macunaíma. Fico devendo uma detalhada comparação, dada a exigüidade de espaço. Não fosse isto, fá-la-ia com certeza!

APÊNDICE I

"Olha o que o Lula disse a um ministro, preocupado com o déficit da Previdência: ’Ano que vem, se eu for eleito, acabo com o déficit, mas não haverá dinheiro para comprar nenhum tipo de papel’. Atenção: nenhum mesmo garante o interlocutor" (Márcia Peltier, Jornal do Commercio, 1/8/2006).

Ora, todo mundo sabe que não haverá déficit da Previdência, haverá déficit da Imprevidência!


Nota do Editor: Mario Guerreiro é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).

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