Conhecimento de mercado, manutenção da competitividade, administração de talentos? Não! Pode parecer exagero, mas seu maior desafio, hoje, é a comunicação. Quem nunca teve a sensação de ter explicado os objetivos de um projeto e perceber que eles não foram realmente compreendidos no momento da apresentação do plano de ação? Isso sem falar nas tantas vezes em que você repassa instruções para os subordinados diretos ou para sua equipe para perceber depois que elas não foram executadas a contento. Se tudo isso já aconteceu com você, não se sinta mal! Pesquisas demonstram que os maiores problemas de departamentos subordinados às diretorias de grandes empresas estão na área de comunicação. Não deveria ser assim, já que nascemos nos comunicando. Mas o fato é que vamos amadurecendo e acumulando tantos conhecimentos e conceitos que nossa percepção em relação a tudo o que vemos e ouvimos vai ficando distorcida. Por isso mesmo, não se pode liderar sem muita habilidade para comunicar. Como alguém pode seguir um líder sem saber exatamente para onde ele vai? Líderes devem ser facilitadores da comunicação e é essa habilidade que fará a diferença entre o sucesso e o fracasso em sua equipe. Para comunicar melhor Não tenho a pretensão de esgotar o assunto, mas aí vão algumas dicas para quem deseja melhorar suas habilidades de comunicação: * A primeira preocupação deve ser com o conteúdo: o que você deseja comunicar e com que objetivo. Se deseja informar, simplesmente se atenha aos fatos, mas se deseja motivar, por exemplo, use o coração, pois só através dele será capaz de atingir o coração de seu interlocutor. Em todos os casos, no entanto, lembre-se de ser o mais sintético que puder. Quanto mais precisa for sua mensagem, menor a chance de dispersão de seu significado. Maior probabilidade, portanto, de alcançar o alvo. Seja ele o coração ou a mente de seu interlocutor. * Seja honesto sempre. A sinceridade é mãe da credibilidade e é com ela que você terá que contar quando quiser que suas mensagens tenham o efeito desejado. A maioria dos seres humanos são naturalmente desconfiados, o que afeta a decodificação (ou interpretação da mensagem transmitida). Se você tem a transparência como norma de conduta, verá que esse "filtro" será gradativamente eliminado em sua equipe. * Seja positivo. Não é preciso ser Pollyana, mas ao ser portador de mensagens difíceis como metas não alcançadas, qualquer tipo de acidente ou perdas de produção, você não precisa se ater ao lado negativo. Não se esqueça de que toda crise apresenta uma oportunidade de mudança. O bom líder deve ser capaz de fazer sua equipe enxergar essa oportunidade, sem mascarar os resultados, afinal, não há rede de boatos (o famoso "disse-me-disse") que resista a uma história mal contada. * Como comunicar? Aí quem manda é o cliente, que, nesse caso, é o seu interlocutor ou sua equipe. O mesmo conceito do marketing se aplica aqui. Cada mensagem deve estar de acordo com o público-alvo. De que adianta chegar a padaria e perguntar ao padeiro sobre a cotação da farinha de trigo nacional no mercado externo? Sua equipe também exige esse bom senso. Use uma linguagem que todos compreendam e não se esqueça de estabelecer o diálogo, que lhe proporcionará o retorno e a aferição da compreensão pretendida. Sem a comunicação de duas vias não há feedback e sem ele não há comunicação efetiva. * Abuse da criatividade e teste diferentes recursos. Há momentos em que as mensagens escritas surtem mais efeito, outros, exigem uma conversa ou palestra e ainda há aqueles que podem ser contornados ou resolvidos com envios de e-mail. Só a prática e a análise constante dos efeitos provocados, pelo retorno dos interlocutores, poderá determinar a melhor forma de comunicar. * Pergunte! Quando você começa uma abordagem com indagações, está mostrando a todos que não conhece todas as respostas e que sua opinião é relevante. Ao receber respostas, escute com todos os sentidos: além dos ouvidos, use o cérebro e os olhos e não se atenha, nesse momento, à elaboração da resposta. * Não leia! Não existe nada mais sem vida do que uma mensagem lida. Se tiver dificuldades em falar sem papéis, use notas, que lhe ajudarão a seguir o conteúdo programado com naturalidade. Outro artifício é decorar, mas essa habilidade, quando não inata, deve ser exaustivamente treinada. * Não transmita mensagens muito sérias ou polêmicas na sexta-feira (nem em véspera de feriado). Parte da garantia do sucesso de uma comunicação deve-se à interatividade. No caso de uma crise ou uma inovação, podem surgir dúvidas e questionamentos no fim de semana que não poderão ser sanados, provocando desconforto. Nessa hora, o melhor é que o chefe esteja por perto para dar apoio e esclarecimentos sobre o assunto. Falar de certos assuntos numa sexta-feira equivale a jogar uma bomba num prédio e sair correndo para se afastar da confusão e essa não é a postura de um verdadeiro líder. * Repita e repita. Há pessoas que dizem que em certos momentos, a mensagem precisa ser transmitida seis vezes para que todos os filtros (as barreiras) sejam rompidos e seu verdadeiro significado, compreendido. Então, se você acha que já falou e repetiu, pense em fazê-lo mais tantas vezes quanto necessário. De novo, use a criatividade e lance mão de métodos diferentes de comunicação. Fica menos cansativo do que usar a mesma forma todas as vezes em que repetir a mensagem. * O corpo fala. Não esqueça que a expressão oral não é a única portadora de mensagens. Tudo o que você é e faz é importante para sua equipe. Você está carregado de significantes, usando a teoria de Roland Barthes. Sua vestimenta, sua conduta social, a ausência ou a presença a eventos de trabalho, comentários, expressões faciais, tom de voz, corte de cabelo... Tudo tem significado! Mas não precisa ficar neurótico e cercear todas as suas ações. Não perca sua essência e sua identidade! Lembre-se apenas de que as ações são mais efetivas para transmitir mensagens que as palavras. • Fique por dentro da rede de boatos. Quando você participa dos eventos, participa das conversas do fumódromo ou do elevador, entra no coração da empresa. Essas conversas, muitas vezes, constituem uma das melhores formas de feedback. No boca-a-boca, tem-se a chance de captar como as mensagens (formais ou informais) estão sendo de fato percebidas pelos funcionários. Se prestarmos atenção, poderemos constatar que os comunicados importantes nem sempre chegam a todo o público que pretendemos, mas a notícia passada de boca a boca como "confidencial" tem penetração garantida. Nota do Editor: Mônica Alvarenga é jornalista e diretora da Múltipla Comunicação.
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