1) Invente uma teoria. 2) Invente um código visual e lingüístico para essa teoria. Dê-lhe uma forma tangível, prática e utilizável. 3) Invente uma série de produtos que contenham esses códigos. 4) À teoria, aos códigos e aos produtos deve ser associado um status que só pode ser obtido através deles. 5) Associe esse status à idéia de ser legal ou "cool" e à idéia de seletividade. Quem adquiriu os produtos, códigos e conceitos é "in". Do contrário, o sujeito é "out". 6) Elimine qualquer chance de sua criação ser associada à idéia de moda, de algo transitório. A nova onda veio para ficar. 7) A teoria, os códigos e os produtos devem ser divulgados aos poucos. Aposte na curiosidade e escravize. 8) Construa e venda a idéia de que você é "a fonte" ou pelo menos o veículo de uma fonte superior. Seja extravagante e deixe claro que sua criação só pode ser modificada por você. Ela não é democrática, simplesmente porque as pessoas não gostam de democracia e preferem ser conduzidas. 9) Como esse império será formado através da retórica, através dela seus inimigos serão esmagados. A construção de um código lingüístico próprio de sua criação facilita essa tarefa e a torna atraente aos olhos dos observadores. 10) Relaxe e fique milionário. Exemplos: - Socialismo, marxismo, nazismo, comunismo e petismo. - Microsoft, McDonald’s, Coca-cola, Disney e empresas de marketing direto. - Igreja Universal e outras hm... religiões. - New Age (holismo, orientalismo, terapias e filosofias alternativas etc.). - Gurus e palestrantes de várias espécies, de navegadores a empresários, incluindo ex-big brothers, monges, atletas, psicólogos, publicitários, headhunters e CEOs. - Literatura financeira, administrativa ou empresarial. Qualquer obra clássica adaptada para esse fim. - Popstars, sobretudo aqueles fabricados com esse objetivo. - Intelectuais e ideólogos, principalmente aqueles que não abandonam o ambiente acadêmico. - O mundinho da moda, novelas, colunas sociais e tendências. - Gurdjieff, um exemplo paradoxal: o guru inventava doutrinas e subitamente revelava que tudo não passava de um embuste, deixando seus discípulos no vazio e com a súbita percepção da própria credulidade. No fim, a honestidade intelectual atraía mais do que a doutrina inventada, o que dá a exata medida da boçalidade humana. Para saber mais: - O Imbecil Coletivo, vols. 1 e 2. Olavo de Carvalho. - A Nova Era e a Revolução Cultural. Olavo de Carvalho. - Discurso da Servidão Voluntária. Etienne de La Boétie. - A Rebelião das Massas. José Ortega y Gasset. - A Revolução dos Bichos. George Orwell. - Da Bauhaus ao nosso caos. Tom Wolfe.
Nota do Editor: Christian Rocha vive em Ilhabela, é arquiteto por formação, aikidoka por paixão e escritor por vocação. Seu "saite" é o Christian Rocha.
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